A caneta vida própria ganha
E escreve apenas o que quer escrever.
Quando o poeta a empunha,
Marca o papel com sua marca
- dele e da caneta -
E, de sua dupla personalidade
Deixa o rastro o poeta
Deixa o risco a caneta.
Transformam a palavra vazia
Em algo repleto de sentido,
E o signo abstrato começa a comunicar
Quando a caneta dá-lhe forma
E o sentimento do poeta a faz palpável.
Este casamento entre caneta e poeta
Invade, ao avesso, e reconstrói das ruínas
Todo o reino dos sentidos.
Recife, 13 de janeiro de 2010