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Dicas de Literatura

Atualizado: 16 de ago. de 2020


Semana passada, foi apenas uma conversa informal sobre pontos que podemos observar e refletir semanalmente nessa coluna.

Estive pensando em um início que não fosse uma apresentação pessoal ou uma descrição do iríamos abordar. Mas agora que já houve esse contato, vamos ao que interessa.

Será que há uma “gramática” na literatura? Um padrão que podemos identificar e analisar? Não digo como crítico literário, mas como diletantes mesmo. Para melhorar nossas escolhas na hora de compor um texto ou encontrar livros que nos agradem. Está-se falando de rótulos? Acho que não. Porque rotular é reducionismo demais. Imaginem na indústria da música. A diversidade de estilos dentro de um gênero. O rock, por exemplo, divide-se em tantas variedades. E a literatura fantástica? Meu Deus! Igualmente rica. Vamos pensar nela um pouco.

A literatura fantástica nos coloca diante de eventos, situações, onde se encontra uma fenda, uma ruptura na realidade, em que se abre um vão pelo qual se vislumbra outro universo ou, em casos específicos, outros universos. Agora invadimos a seara da ficção científica. Tema da futura semana.

Voltemos às definições:

“O termo fantástico vem do latim - phantasticu-, que por sua vez vem do grego - phantastikós-, os dois oriundos de – phantasia - ou seja, o que é criado pela imaginação, o que não existe na realidade, o imaginário, o fabuloso”. Conforme Selma Calasans Rodrigues em O Fantástico.

Sendo assim, Machado de Assis em “Memórias Póstumas de Brás cubas” é tão fantasia quanto Tolkien em Senhor dos Anéis? Acho que melhor comparação seria Lobato, se considerarmos que “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” é cheio de criaturas mágicas, mistura mitologia grega, folclore brasileiro. Quase um mundo mágico paralelo. Alguém no fundo gritou Nárnia? Porque Hogwarts eu ouvi!

Acabei de descobrir que, segundo George Martin, sou um autor jardineiro e não autor arquiteto. A diferença é simples. Um, planta a ideia e segue regando, deixa crescer, poda aqui, poda ali. Acompanha o crescimento, guia os galhos e a arvore se cria. O outro planeja tudo, estrutura, analisa, constrói. Claro que há imprevistos e tal, mas ele os resolve e segue. Ambos estão corretos e são bons, mas cada um é cada um e eu sou um jardineiro. E você?

Voltemos à gramática literária. Com os exemplos acima já notamos alguns padrões, tanto no trabalho do escritor quanto aos elementos de histórias que conhecemos. Notamos que na literatura fantástica há um rompimento com o que consideramos real. Mundos paralelos, magia, futurismo, terror, monstros. Tantos ingredientes. Falando assim, há uma receita? Padrão, ingredientes, receita, estrutura. Sim, há. Há tudo isso e muito mais. A começar pelo conflito inicial que gera uma mudança de rumo, perguntas, respostas ou não e que se encaminha para um destino/desfecho final. Em tudo há um começo, um meio e um fim. Não obrigatoriamente nessa ordem. Mas há. E após anos lendo, vamos percebendo esse jogo de perguntas e respostas e adivinhando situações, desfechos, finais. Vez ou outra, nós somos surpreendidos com um inocente que jamais pensamos ser o culpado. Ou um culpado inocente. Tantas variações. No fim é um jogo. O autor mostra aqui, esconde ali. Vai dando-nos informações verdadeiras ou não. Criamos um mundo em nossa mente e no fim dizemos se gostamos ou não.

Mas e a gramática literária? Alguns a chamam de Narratologia.

Semana que vem mergulhamos no termo.

Até mais.

Guto Domingues


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