Complexos arroios da eternidade,
tão pertos e tão distantes ―
trovão, chuva, sol, azul atmosférico,
sinto como é difícil olhar para o mundo
e vê-lo. Tenho para mim
que Platão não esteve de todo certo,
nem os panteístas, alquimistas, exotéricos...
Contudo, plantarei Deus no meio dos ares?
Copas e bandeiras inclinam-se para lá
e para cá, para lá e para cá...
copas e bandeiras; é o vento...
copas e bandeiras, e, às vezes, uma notícia
até o meio-fio, até a ladeira,
descendo o mundo, perdendo-se na história...
(O que vamos fazer das notícias?)
Filósofos, teólogos!... nem suas canetas se importam.
Mas ali! desprendeu-se um fantasma do lixo,
voa sobre as garagens.
Corre, menino, corre!
Veio assombrar este vazio de rua que não tem medo...
Sinto-me só, como um cego a nutrir-se
dos sentidos incolores,
ouvindo vozes, testando texturas ― alheias
como o perfume de gente...
Vaidades das vaidades, diz o pregador.
E a vista embaçada de cristais!... Mas vejo:
Vejo que a luz vem vindo,
a luz inflamada do sol espargida na mesa,
queimando a ferida de meu silêncio.
Vejo que a luz, agora, se esvai
mais lenta, mais branda, mais que a coisa
em que sonhara...
Ah o sonho! Se um dia eu acordar disto,
das verdades da poesia,
prometo que escreverei um poema de verdade.
Sobre o Autor:
Daniel Cosme é graduando em Letras, Português, na Universidade Federal de Pernambuco, desde 2018. Vem escrevendo poesia há não mais que três anos, com variados interesses estéticos, e envolvido com temáticas relacionados ao encontro e desencontro, medo e esperança. E apesar de cristão, não escreve louvores; às vezes, sátiras sobre isto. Crê que a poesia é um espaço livre de pecados.
Redes Sociais:
Facebook: @DanielCosme.908132
Muito Bom meu caro!! Parabéns e não deixe de escrever.