Lagrimas de barro,
Feridas, abertas, não cicatrizam,
Mas descem, junto à lama dos inocentes, feridos.
De quem é a culpa? Sua ou minha?
Quem se importa!
Pois na verdade estamos na mesma cova... Na lama
Luiz Alladin Bambá
A excepcionalidade de estarmos publicando um poema, ainda que curto, numa segunda-feira (Dia da Prosa Errante) se dá devido ao fato de que temos, hoje, 2 anos do cruel CRIME ambiental cometido.
Não foi um crime cometido ocasionalmente. Foi um crime continuado, reiterado. Cometido por anos, com um fim trágico anunciado, previsto e ignorado, até que ocorresse o pior.
Os culpados, como diz o poema, quem quer saber? Aparentemente, não a justiça, ou as autoridades responsáveis pela proteção ambiental. O barro que dominou aquelas terras, antes fosse só barro. Rejeitos químicos que vitimaram a população local, sim, e todas as formas de vida da região!
Brumadinho segue sendo uma ferida aberta em nossa sociedade, como tantas outras. Precisamos tratá-la e eliminar os parasitas, para que ela possa sarar. Mas, os parasitas estão representados na liderança do sistema imune. Ai das famílias prejudicadas e, pior, daquelas que perderam entes queridos! Ai de nós, que ousamos sentir junto delas a sua dor! Ai do país, onde a maior parte das pessoas sequer lembram, e assim corre risco de ver tantos outros Brumadinhos acontecerem, em tantas barragens de Rejeitos com riscos iguais, país adentro! Pablo Gomes Editor do Literatura Errante
Um editorial essencial e muito bem feito, como sempre. Parabéns aos dois escritores!
Muitos dos parasitas que impedem da ferida fechar, estão em gabinetes e parlamentos. Eles têm a "arte" de pôr a memória pra dormir, enquanto administram nossa miséria de cada dia. Parabéns meu caro pelo trabalho.