Tom Clancy: “A diferença entre ficção e realidade? A ficção tem que fazer sentido.”.
Nesse caso, Tom Clancy, nos provoca vários aforismos.
Eu, então... Viajo nessas frases doidas de escritores malucos.
Acho, sinceramente, que falam isso só para confundir a gente. Queremos explicações sobre o sentido da vida e o cara, nesse caso Douglas Adams, responde: 42.
Esse deixo para outra rodada de conversas tavernísticas.
Sobre Tom Clancy... Como já falei em alguns vídeos em meu perfil no Instagram, em tudo há padrão. Mesmo que não haja, nossa mente procura... Acredito que deve haver uma “pareidolia” literária. Uma “apofenia” literária.
Isso eu noto quando assisto a um filme com uma montagem diferente ou uma linguagem multimidiática e alguém fica incomodado com a falta de padrão. Lembro-me do filme Amnésia. Ele era do contrário. Uma das coisas mais loucas que assisti. E no DVD havia uma versão “normal” na ordem “certa”. Vai vendo...
Fico pensando que a arte deve utilizar esses dois conceitos para criar as ilusões necessárias para o cérebro aceitar. Sem que necessariamente utilizemos a “suspensão de descrença”. Ou talvez ela fique com uma potência mais baixa, com pouca ação sobre o que estamos assistindo, lendo, ouvindo. Talvez isso explique o que Tom Clancy diz, de ter que fazer sentido, parecer com alguma coisa.
Eu já disse: A cada 15 minutos acontecem histórias de amor como Romeu e Julieta. Procurem no meu canal no Youtube que essa fala está lá.
Conspirações como em Hamlet? O tempo todo.
E na leitura de algum livro o que acontece? Um jogo de xadrez entre o leitor e o autor.
Eu disponho as peças de maneira que permito ao leitor prever as reações do personagem. Conforme a leitura avança e o personagem desvela suas visões de mundo, moralidade, sistemas éticos, etc. O leitor monta o quadro com essas peças e em dado momento do livro consegue avaliar se a atitude do personagem vai para um lado ou para outro. O leitor padroniza as ações prováveis que o rumo da narrativa pode tomar.
Eu acho isso fantástico. Esse jogo e tudo que está relacionado.
Ah, mas invente coisa que não faça sentido para ver a terceira guerra mundial começar entre o autor e o leitor.
Tom Clancy tem razão: a ficção tem que fazer sentido.
Tolkien, como já falei, criou o conceito da Eucatástrofe.
Penso que isso alimenta o escapismo da arte. A vida já não tem sentido. Então a arte precisa fazer sentido. A arte tem que dar um norte. E como isso é comum! Usamos sempre ações e atitudes de personagens fictícios para ilustrar alguma coisa ou usar como padrão moral.
Cansei de ver frases como: O que Superman faria? Como Frodo reagiria ao poder do Um Anel? Porque Neo escolheu a porta que salva Trinity? Hamlet então... E todas as tragédias de amor têm Romeu e Julieta como parâmetro.
Hoje assumo que não estou muito inspirado. Pensei muito sobre o que escrever e acho que gastei os neurônios pensando.
Vocês não sabem, mas meu processo é no papel. Das vezes que crio o texto escrevendo direto, vou para caminhos interessantes. Mas tudo bem. Semana que vem tem mais.
Até lá!
Glossário:
Apofenia é um termo proposto em 1959 por Klaus Conrad para o fenômeno cognitivo de percepção de padrões ou conexões em dados aleatórios. É um importante fator na criação de crenças supersticiosas, da crença no paranormal e em ilusão de ótica.
A pareidolia é um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado.
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