Não me venha ser pouco
De economia já me basta o bolso
Não sou do tipo que aceita amor-troco
“Dá pra ser em balas, meu senhor?”
Eu quero alguém que seja por inteiro
Aceito o pacote que vier, com a luz e a dor
Só não venha comedido, reprimindo ardor
Só não seja pouco genuíno, medroso de amor
Porque de escassez já basta a vida e seu rigor
Dos sentimentos eu quero tudo, sem pudor.
Do amor, de você
Eu não aceito miúdos
Colheradas, rebarbas, retalhos
Sou muito inteira para metades
Para caber em espaços diminutos.
Nesse universo de racionalismos tolos
Superficial, de contatos fluidos
Nessa selva de corações vazios e duros
Vamos ser subversivos, meu amor
Rebeldes com justa causa: o amor!
Sejamos hipérboles, abaixo aos diminutivos
Sejamos românticos, de que serve o realismo?
Sejamos ardor do sal na ferida exposta
Sejamos poesia, na avenida, alardeada
Sejamos da música a batida apaixonada
Sejamos, escandalosamente, muito
Sejamos humanos, no que há de mais puro.
Vamos chocar todo esse mundo
Amando como se não houvesse público
Não vamos ouvir quem vive pequeno
Vamos transbordar esse nosso excesso
Aqui, amar, não tem corte de orçamento
Não existe recessão de sentimento.
Sobre a Autora:
Escritora e compositora paulista, formada em Direito pela USP, largou a profissão para se dedicar ao empreendedorismo e à arte. Desde pequena, tem na escrita e na música a expressão necessária de tudo aquilo que não consegue segurar dentro do peito. Escreve publicamente em sua página autoral Sentimentos Errantes (@sentimentoserrantes) desde 2016, além de ser colaboradora com seus textos em portais da internet. Na música, cantora e compositora com trabalhos lançados nas plataformas de streaming e conteúdo no seu instagram @marian.koshiba
Revisão: Danielle Fredini
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