Certo, vou começar o texto com um grande parêntese: eu tenho uma enorme fila de leitura, e aqui estou eu, fazendo a resenha do segundo livro de uma mesma saga (só esse livro com 732 páginas!). Pior ainda: estou focando em resenhar livros estrangeiros, quando prego a leitura de livros nacionais. Vocês me pegaram. Ou não…
Vamos por partes e, acreditem, isso terá a ver com a minha resenha do livro.
Tenho lido bastante literatura nacional. Estar à frente do Literatura Errante é um prazer, e entre os privilégios deste trabalho, está o de poder ler antes de todo mundo muitos textos maravilhosos, que terminam por ser publicados posteriormente, no nosso portal e na nossa revista.
Quando comecei a ler O Aprendiz de Assassino (leia a resenha aqui), eu sabia que se tratava de uma saga, uma trilogia. Sabia que era uma leitura interessante, pois fora indicada pela minha exigente esposa. O que eu não sabia era o quanto essa autora enreda o leitor tão bem, como ela sabe terminar cada livro tornando verdadeiramente inevitável continuar lendo o próximo!
Sim, esse é o momento que eu admito que o terceiro livro da saga furou a fila de leitura, mesmo com suas mais de 800 laudas. E, não fossem as dificuldades típicas de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e o meu trabalho (não o Literatura Errante, mas o outro), eu certamente já o teria terminado, ou estaria perto. Mas, agora vou deixar esse misto de enrolação e rasgação de seda e vou falar de O Assassino do Rei, o segundo livro da Saga do Assassino, da escritora Robin Hobb.
Muita gente, quando me vê lendo estes livros, se espanta com seus volumes e simplesmente declara ser incapaz de ler. Pior é a reação quando sabem que os livros crescem (sendo o primeiro o menor e o terceiro o maior). O meu comentário sobre isso é que a leitura flui, leve, agradável e envolvente, antes que você sinta o tamanho do livro.
Para quem tem pouco tempo para a leitura do livro, como eu, os longos capítulos chegam a causar um desconforto, pois não há como fechá-los sempre. Mas a quem quero enganar? Termino sempre um capítulo sedento por entrar no seguinte.
Neste segundo livro da saga, Robin Hobb desenvolve e apresenta, de forma orgânica e natural, o universo que construiu. O mistério sobre a Manha e o Talento, formas de magia mais comuns neste universo (mas não as únicas) é pouco a pouco desvendado, de modo que nos deixa mais perguntas do que respostas, a cada passo dado.
A trama instiga a nossa curiosidade, construída de modo que estamos sempre aflitos a saber como o protagonista (e outros) poderá sair de tais e quais situações. Os forjados estão se multiplicando, os saques dos ilhéus estão acontecendo a todo gás. O jovem FitzCavalaria está mais próximo de Veracidade do que nunca, e entra no embate direto com os salteadores. O Rei Sagaz é cada vez mais senil, menos sagaz e, por conseguinte, menos rei, e a sede de poder de Majestoso só cresce. Ao fim, e só isto direi, para evitar spoilers, o desfecho surpreendente certamente te fará especular sobre os destinos de todos, de forma que se você for curioso(a) como eu sou, começar o próximo livro será, no mínimo, inevitável.
Para não dizer que sou só elogios ao livro, alguns problemas que escaparam na revisão da versão em português (claro, o livro é inglês, intitulado originariamente The Farseer: Royal Assassin) podem incomodar leitores mais exigentes. Para mim, que sou conhecido por ser chato, é difícil de entender como uma editora grande e tão bem estabelecida deixa passar tantos erros, mas, na maioria das vezes, a natureza ou a magnitude não afeta a experiência. Apenas algum ou outro atrapalha a compreensão do texto, e, num livro com tamanha extensão, penso, é impossível não haver erros.
Em resumo, O Assassino do Rei é, para quem gosta de fantasia épica medieval, uma leitura indispensável, e continua muito bem a saga iniciada no livro anterior, deixando uma verdadeira ânsia pela leitura do livro seguinte. Sigo recomendando a leitura e, espero, trarei a resenha do próximo livro da saga em breve.
Sobre o autor:
Pernambucano, ator e escritor. Escreve em versos desde a infância e entrou de cabeça no universo dos contos e romances em 2009. Escreve em diversos gêneros, desafiando-se regularmente. Tem trabalhos em obras realistas, de fantasia, ficção histórica entre outros. Idealizou o Literatura Errante, inicialmente um blog, e tem batalhado para fazer o Literatura Errante acontecer nos novos moldes.
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Revisão: Tatiana Iegoroff
Sou uma daquelas leitoras que preferem livros únicos (mas que já leu várias sagas... alguém consegue explicar os leitores??), contudo, essa resenha me deu até vontade de conhecer essa saga! Belo texto.