Três dias de espera fizeram Elisa buscar o juiz e conseguir um mandado para vistoria da conta de Jordi. A dificuldade de convencê-lo não a desanimou e, após finalmente ter o papel em mãos, voltou à agência.
— Bom dia, delegada.
Elisa apenas lhe entregou o mandado. O gerente passou um olhar pela folha e tentou um sozinho desconversado.
— O que é isso?
— Um mandado. Quero todas as informações da conta de Jordi Gonçalves agora.
— Nossa, que exagero. Eu disse que conseguiria pra você.
— Mas eu não tenho tempo.
— Desculpa, foi o feriado. Carnaval sobe como é, né? O banco fica fechado, eu tenho um tempinho pra dar uma viajada com as crianças e...
— Não quero saber. Só quero tudo da conta agora.
— Mas eu...
— Quer ser detido? Esse é um mandado oficial. Os dados agora.
O gerente engoliu a saliva que se acumulara em sua boca e imprimiu os papeis. Elisa logo os levou para a delegacia e entrou em seu gabinete sem dizer nada a ninguém. Meia hora depois, Danilo entrou na sala.
— Elisa...
— Delegada, Tavares.
— Desculpa, é que...
— Fala logo se for importante, estou muito ocupada.
— Esses são os dados da conta do capataz?
— Por quê?
— Quer ajuda pra analisar?
— Você me ajuda estando na sua mesa, Tavares.
— Por que você não me disse que tinha conseguido?
— E desde quando eu lhe devo satisfações?
— Desde que eu era seu parceiro nessa investigação.
— Exatamente. Era. Pode voltar ao seu serviço habitual. Daqui pra frente eu assumo como oficial, aí vou ter a equipe a disposição.
— Então é isso?
— O que você quer, Tavares? Você é só estagiário e...
— Só o estagiário? É assim que você me vê agora. Por que quando estava na minha casa naquela noite...
— Chega! Finge que aquilo nunca aconteceu. A gente...
— Você só ficou comigo por que estava abalada?
— Não! — Elisa respirou fundo e baixou a guarda. — Mas isso não é certo. Eu sou sua chefe e, além do mais, você é jovem e...
— Para com isso, Elisa. Você acha que se eu não quisesse alguma coisa eu não estaria aqui agora? Eu já calculei muitas e... Eu quero...
— Aqui os extratos. Achei o que precisava pra tornar isso oficial. — Disse a delegada lhe entregando os papeis e mudando de assunto.
Sobre o Autor:
Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.
O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.
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