Danilo ouvia o relato do resgate de dona Sandra enquanto preparava o jantar. Elisa contava de pé na cozinha da casa do estagiário.
— Você não acha estranho eles serem tão desatentos assim?
— Eu ainda estou achando que faz tudo parte do plano deles, mas pelo menos minha mãe está em casa.
— Pode ser. Mas eles tinham vocês nas mãos na tal casa. Podiam ter eliminado vocês lá mesmo. Foi quase assim que... bem, que planejaram contra o seu pai.
Elisa não respondeu, o olhar fixo no ar.
— Ela está sozinha?
— O Saulo está lá. Pedi que me esperasse voltar.
— E você confia sua mãe a ele? Não é melhor irmos pra lá?
— Ela não quer ninguém por perto, arranjou uma briga quando eu falei que ia deixar alguém da equipe de guarda.
— Eu só queria entender essa repulsa da dona Sandra por policiais.
Duas semanas depois, a corregedoria tomou conta da delegacia de Ecoporanga. Na sala de Elisa, Ribeiro e o chefe regional davam a notícia.
— Delegada Lucena, infelizmente teremos de afastar você por tempo indeterminado.
— Como assim? Por que uma decisão dessas num momento importante de investigação? Se prosseguirmos podemos desmontar um esquema imenso escondido em todo canto da cidade.
— Delegada, o gerente da Caixa foi morto dentro da sua delegacia enquanto passava uma noite detido sem alegações suficientes. O Ribeiro ficou aqui esses dias todos e encaminhou um laudo para nós da corregedoria. Ele foi assassinado por alguém da corporação, e até o fim da investigação vocês estão todos suspensos e sob vigilância. Já providenciamos substituição da equipe.
— Isso não faz sentido. Ele está investigando enquanto estamos na ativa e estava tudo bem.
— Mas agora temos certeza de que não teve como ser alguém de fora da delegacia.
— Eu não estava aqui naquela noite, por que me afastar?
— Você é a delegada e deveria ter controle da situação, e foi você que deixou o gerente detido. Além do mais, você esteve aqui naquela noite sim. Não adianta negar.
— Mas eu voltei por esquecer meu celular. Nem passei perto da carceragem.
— Só deixe a arma e o distintivo, vá pra casa e aguarde conclusões.
Elisa seguiu a ordem do corregedor e, após chamar a equipe em sua sala e anunciar a decisão da corregedoria, saiu pela rua.
Sobre o Autor:
Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.
O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.
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