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Foto do escritorGabriel Soares

SÉRIE ANTEROS - Ponto Cruzado

Elisa logo pediu que Adevânia reunisse os documentos do marido e se apresentasse na delegacia na próxima semana.

No retorno à fazenda do prefeito, Pereira a indagava um pouco.

— Que é que você está querendo com a mulher delegada?

— Coisa minha, Pereira.

— Igual o pai… Elisa, não começa a querer fazer…

— Eu vou fazer o que eu tiver de fazer, porra! E você só tem que ficar quieto e acompanhar a perícia do corpo. Eu vou voltar para a delegacia com o Saldanha.

Deixou Pereira a fazenda do prefeito e retornou à cidade.

— Tavares, na minha sala, agora.

O estagiário apenas fechou a pasta que organizava sobre a mesa e seguiu a delegada.

— Saldanha, vasculhe a área da fazenda com mais dois investigadores.

O investigador saiu e Elisa se voltou a Danilo.

— Adivinha o nome do capataz morto…

— O quê?

— Jordi Gonçalves.

— O do contrato?

— Exatamente. Quer dizer, tudo indica. Provavelmente nem sabe no que estava metido, apenas usaram os documentos do coitado.

— E o assalto?

— Falso. Só pra disfarçar, mas tenho certeza que era encomenda da morte do homem.

— E agora?

— A esposa dele vai vir aí na próxima semana, vou tentar ver o que tiro dela, mais para entender a que nível se aproveitaram dele. Agora estou quase achando uma coisa concreta pra iniciar algo oficial. Pega de novo aquele contrato.

Elisa leu e releu o texto, tentando entender a relação oficializada no documento.

— Acho que seria interessante a opinião de um terceiro advogado.

— É, uma apenas formada e outro no quarto semestre... Conhece alguém, Tavares?

— Sua mãe.

— Ah, ela já tem anos que não lê nem bula, quanto mais contrato.

— Podemos arriscar... Fama ela tinha.

— É, ela era boa mesmo. No final do expediente a gente se encontra com ela.

— Eu também?

— Claro. Meu parceiro, até então.

Os olhos do jovem ficaram um pouco altivos. Pensou em comentar algo, mas manteve-se inerte.

— O que é, Tavares? Estava acostumado a só servir cafezinho e anotar queixa de bêbado e som alto? Se prepara que desse estágio você sai mais formado que da academia.

— Não, não é isso. É só que…

— Só que o quê?

— Não. É que você falou parceiro e eu pensei que… Você não tem, não tem um…

— Parceiro?

— É… Tipo…

— Tavares, se você quer saber, não… não tenho ninguém, e nem estou com planos.

— Não, eu só… Fiquei, pensativo porque aquele dia na sua casa…

— O que tem?

— Nada. Eu só não…

O nervosismo do rapaz fez com que Elisa risse.

— Você está assim porque me viu sem farda? Mas homem é tudo besta com decote, né!

— Não é isso, é que… Eu queria, sabe…

— Fala, Tavares. Engasgou com o que?

— Elisa, eu queria saber se… Depois de conversarmos com a sua mãe… A gente podia, sei lá… Descontrair um pouco.

— Nossa, Tavares, tudo isso pra me chamar pra sair. Olha, dependendo do que minha mãe falar a gente vê… Agora vai pra portaria antes que essa suadeira te desidrate.

Danilo saiu da sala e Elisa ficou dando risadas da situação.

 

Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.

O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.

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