Elisa logo pediu que Adevânia reunisse os documentos do marido e se apresentasse na delegacia na próxima semana.
No retorno à fazenda do prefeito, Pereira a indagava um pouco.
— Que é que você está querendo com a mulher delegada?
— Coisa minha, Pereira.
— Igual o pai… Elisa, não começa a querer fazer…
— Eu vou fazer o que eu tiver de fazer, porra! E você só tem que ficar quieto e acompanhar a perícia do corpo. Eu vou voltar para a delegacia com o Saldanha.
Deixou Pereira a fazenda do prefeito e retornou à cidade.
— Tavares, na minha sala, agora.
O estagiário apenas fechou a pasta que organizava sobre a mesa e seguiu a delegada.
— Saldanha, vasculhe a área da fazenda com mais dois investigadores.
O investigador saiu e Elisa se voltou a Danilo.
— Adivinha o nome do capataz morto…
— O quê?
— Jordi Gonçalves.
— O do contrato?
— Exatamente. Quer dizer, tudo indica. Provavelmente nem sabe no que estava metido, apenas usaram os documentos do coitado.
— E o assalto?
— Falso. Só pra disfarçar, mas tenho certeza que era encomenda da morte do homem.
— E agora?
— A esposa dele vai vir aí na próxima semana, vou tentar ver o que tiro dela, mais para entender a que nível se aproveitaram dele. Agora estou quase achando uma coisa concreta pra iniciar algo oficial. Pega de novo aquele contrato.
Elisa leu e releu o texto, tentando entender a relação oficializada no documento.
— Acho que seria interessante a opinião de um terceiro advogado.
— É, uma apenas formada e outro no quarto semestre... Conhece alguém, Tavares?
— Sua mãe.
— Ah, ela já tem anos que não lê nem bula, quanto mais contrato.
— Podemos arriscar... Fama ela tinha.
— É, ela era boa mesmo. No final do expediente a gente se encontra com ela.
— Eu também?
— Claro. Meu parceiro, até então.
Os olhos do jovem ficaram um pouco altivos. Pensou em comentar algo, mas manteve-se inerte.
— O que é, Tavares? Estava acostumado a só servir cafezinho e anotar queixa de bêbado e som alto? Se prepara que desse estágio você sai mais formado que da academia.
— Não, não é isso. É só que…
— Só que o quê?
— Não. É que você falou parceiro e eu pensei que… Você não tem, não tem um…
— Parceiro?
— É… Tipo…
— Tavares, se você quer saber, não… não tenho ninguém, e nem estou com planos.
— Não, eu só… Fiquei, pensativo porque aquele dia na sua casa…
— O que tem?
— Nada. Eu só não…
O nervosismo do rapaz fez com que Elisa risse.
— Você está assim porque me viu sem farda? Mas homem é tudo besta com decote, né!
— Não é isso, é que… Eu queria, sabe…
— Fala, Tavares. Engasgou com o que?
— Elisa, eu queria saber se… Depois de conversarmos com a sua mãe… A gente podia, sei lá… Descontrair um pouco.
— Nossa, Tavares, tudo isso pra me chamar pra sair. Olha, dependendo do que minha mãe falar a gente vê… Agora vai pra portaria antes que essa suadeira te desidrate.
Danilo saiu da sala e Elisa ficou dando risadas da situação.
Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.
O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.
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