Os passos se deram pesados no corredor da delegacia. A delegada entrou impetuosa em sua sala. Danilo, mesmo não recebendo o bom dia de praxe, a seguiu.
— Não quero nada, Tavares.
— Elisa...
— Por favor, vá pro seu trabalho e me deixa com o meu.
— E o que você vai fazer?
— Se eu soubesse já tinha feito.
— Se ele realmente pegou o contrato, não temos muita coisa contra ele.
— Esse não é o problema. Se minha suspeita for certa o grupo vai agir de novo. Contra a gente.
— Então vamos ficar atentos.
— Não me diga.
Nesse momento o celular da delegada tocou. Atendeu. Largando em chamada sobre a mesa o celular, correu para a saída, Danilo tentando acompanhá-la. Chegando em casa, Elisa constatou a ausência de dona Sandra.
— Pode se um trote.
— Não, Tavares.
— Se tivessem levado ela não deixariam um bilhetinho?
— Isso aqui não é filme.
— E agora?
— Cala a boca, Danilo.
Com os olhos brilhando, o estagiário apenas beijou a delegada.
— Está maluco?
— Desculpa. Só fiquei feliz.
— Por eu te mandar calar a boca?
— Por falar meu nome.
— Vamos voltar pra delegacia, preciso reunir os investigadores.
Na sala da delegada, Pereira e Saldanha estavam de pé próximo à porta.
— Calma aí, Elisa.
— Sequestro? Em Ecoporanga? Acho que a gente está superestimando demais esses bandidos daqui.
— Vou colocar uma arma na cabeça da tua mãe também pra você ver a sensação. — Respondeu a delegada.
— De novo você querendo usar a gente como gangue própria pra resolver seus problemas. Quem se meteu com esses caras foi você, nós avisamos. Pra que ficar cutucando onça com vara curta? Não estão incomodando ninguém.
— E você acha que ele dinheiro na conta do capataz saiu de onde, Saldanha? Do trabalho dele de criar gado e plantar mandioca na terra dos outros? Isso é desvio de verba da prefeitura. Eles estão lucrando nas costas de todo mundo, inclusive do seu salário e dos seus impostos.
— Ah, para com esse papo que Brasil é assim. Todo mundo rouba e todo mundo vive muito bem com isso.
Elisa atravessou entre os ombros dos investigadores e saiu da sala.
Sobre o Autor:
Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.
O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.
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