Elisa e Danilo seguiram para mais perto do cartório. Saulo, no balcão, entregava uma pasta de documentos ao dono do cartório. Algumas olhadas para trás e sumiu cartório adentro.
A delegada voltou à delegacia.
— Achei que íamos entrar. — Comentou o estagiário.
— Não. Ainda não. Agora com certeza o dono do cartório vai contar pro Saulo do contrato e que ele está comigo. Ele vai tentar recuperar o documento, aposto. E nesse momento...
— Vai mesmo montar uma armadilha?
— Claro. Não duvido nada ele e minha mãe viverem de conversinha. Provavelmente vai inventar uma passadinha lá em casa e quando ela virar as costas vai tentar procurar alguma coisa. Só preciso fingir que não vou estar em casa.
— Parece meio...
— Eu sei, não é protocolo. Coisa de filme, mas é um jeito de mostrar pra ele que estamos um passo à frente. Isso vai fazer eles agirem e eu quero estar de olho.
À noite, já em casa, Elisa abotoava o sutiã rendado quando dona Sandra entrou no quarto.
— Vai sair com alguém?
— Por que a pergunta?
— Isso não é sutiã de ficar em casa.
— Vou jantar com o Tavares.
— O estagiário? Cada dia você vem com uma nova.
— Não começa, mãe. Eu vou sair com ele porque a senhora disse que o Saulo ligou e eu não quero encontrar com ele.
— Depois daquele papelão, nem eu.
— Nem essa sua língua afiada tira minha paz hoje.
— Isso tudo é por causa do estagiário? Não tem homem de verdade pela cidade, né.
— Não é nada disso. Eu estou avançando numa investigação e a senhora vai me ajudar.
— Eu não tenho nada a ver com essas loucuras de trabalho suas.
— É sério. Eu sei por que o Saulo resolveu vir aqui hoje. Eu estou com um contrato que pode incriminar ele de alguma forma.
— Aquele que me mostrou outro dia? Aquilo não incrimina nem a rubrica mal feita do outro assinante.
— Não importa. Sei que ele vai querer reaver os papeis e eu vou pegar ele.
— Você está lendo muito livro.
— Só me promete que vai ficar de olho nele. O contrato está numa pasta na gaveta da mesa do escritório do meu pai. Não deixa ele chegar muito perto de lá.
— Mas você não acabou de dizer que vai pegar ele com a mão na pasta?
— Estou dizendo para a senhora não deixar ele sozinho. Fingir que vai na cozinha ou no quarto, mas ficar observando ele de longe. E também... eu vou ter que sair pra ele perceber que eu não estou. Vou dar uma volta e ficar na espreita.
— Só não me arranja mais problema com ele. É tão boa gente. Já não basta...
— Tá, tá. Só faz o que eu pedi, o resto a gente vê.
Dez minutos depois, Danilo tocou a campainha. Saíram de carro pela avenida Milton Motta em direção à praça. A contornaram e seguiram pela Floriano Rubim, passando pela Clínica Santa Paula e retornando à rua Henrique Ferreira até estacionar próximo à casa de Elisa e ver um carro curvando a esquina.
— Mãe, eu vi um carro que parecia ser o do...
— Ele já esteve aqui sim. Mal chegou já recebeu uma ligação e teve que sair.
— E o contrato?
— O que que tem?
A delegada correu ao escritório do pai e constatou a ausência da pasta.
Sobre o Autor:
Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.
O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.
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