Pablo Gomes

14 de set de 20201 min

Preto e Branco

Eu não vejo o mundo em branco e preto

O verde, o azul, ou o amarelo,
 
O vermelho, o rosa ou o roxo,
 
Lilás, laranja e outras cores
 
Também povoam minha visão
 

 
Eu não vejo o mundo em preto e branco
 
O amigo tão leal, e a mulher com que casei
 
A amiga da escola
 
E o padrinho que sempre admirei
 
Pretos, brancos, pardos...
 
Em que influiu a cor? Em nada.
 
Verdade seja dita,
 
Nem sempre reparei
 

 
Eu não vejo o mundo em branco e preto
 

 
A sexualidade é íntima
 
A afetividade é pessoal
 
Não afetam meu carinho
 
Por quem não quero em matrimônio
 
Ou levar à minha cama
 

 
Eu não vejo o mundo em preto e branco
 

 
Nem tudo é óbvio
 
As coisas em geral não o são
 
As diferenças existem, não o nego
 
Mas, nem sempre importam
 
Algumas diferenças não influem
 

 
Eu não vejo o mundo em branco e preto
 

 
Diferenças há, e não as nego
 
Por que têm que resultar em desigualdade?
 
Se não são importantes, ao menos para mim,
 
Por que às vezes ressaltar?

Fato é que já se fez a desigualdade

E a união equânime dos diferentes só se dá

Quando, juntos, transformarmos

Todo o desigual em equânime

Porque o mundo não é preto e branco

Mas, sem todas as cores,

Se ao menos uma só faltasse,

Ou se suas variações não existissem,

Que mundo sem graça seria!

Sem a união de todas as cores não há o branco

Sem a luz que o contraste, não há o preto

Sem preto e branco, não há cinza

E sem o preto ou o branco nem mesmo há

Como ver o mundo

em preto

e branco!

Pablo Gomes, agosto de 2015

    100
    12