Eu não vejo o mundo em branco e preto
O verde, o azul, ou o amarelo, O vermelho, o rosa ou o roxo, Lilás, laranja e outras cores Também povoam minha visão Eu não vejo o mundo em preto e branco O amigo tão leal, e a mulher com que casei A amiga da escola E o padrinho que sempre admirei Pretos, brancos, pardos... Em que influiu a cor? Em nada. Verdade seja dita, Nem sempre reparei Eu não vejo o mundo em branco e preto A sexualidade é íntima A afetividade é pessoal Não afetam meu carinho Por quem não quero em matrimônio Ou levar à minha cama Eu não vejo o mundo em preto e branco Nem tudo é óbvio As coisas em geral não o são As diferenças existem, não o nego Mas, nem sempre importam Algumas diferenças não influem Eu não vejo o mundo em branco e preto Diferenças há, e não as nego Por que têm que resultar em desigualdade? Se não são importantes, ao menos para mim, Por que às vezes ressaltar?
Fato é que já se fez a desigualdade
E a união equânime dos diferentes só se dá
Quando, juntos, transformarmos
Todo o desigual em equânime
Porque o mundo não é preto e branco
Mas, sem todas as cores,
Se ao menos uma só faltasse,
Ou se suas variações não existissem,
Que mundo sem graça seria!
Sem a união de todas as cores não há o branco
Sem a luz que o contraste, não há o preto
Sem preto e branco, não há cinza
E sem o preto ou o branco nem mesmo há
Como ver o mundo
em preto
e branco!
Pablo Gomes, agosto de 2015
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