Quão insólito pode ser o calendário?
São na mesma semana:
Tiradentes, índio e soldado
Soldado e índio num só dia
Claro, também tem soldado índio
E índios soldados viveram em guerra;
Tiradentes, alferes, também já andou armado
Mas, tenho comigo uma pequena teoria
Antes do branco assédio
E se encher nosso solo de cana
O indígena, sob este céu abobadado
Não conhecia tamanha covardia
Cada povo usufrutuário
Desta américa terra
Passou a ser erradicado
Desta que é sua moradia
Tentou “preservá-los” o vigário
Aculturando-os na catequese romana
Mas, desde então, e isso é dado
A tradição do branco é a insídia!
Militares fazem de corolário
Exterminar indígenas com gana
“É ‘brasileiro’ ou será deserdado”
E lhes mata corpos, cultura e etnia
Já Tiradentes, feito de otário:
Contra autoridade metropolitana
Combateu e, bode expiatório, foi condenado
Sistematicamente esquecido por sua rebeldia
Vejam só, que hilário,
Identidade moldada como porcelana
Fez Tiradentes ser de novo abordado
Logo após o grito de independência
Talvez, por isso o libertário
Que lutou pela nação soberana
Um dia próprio tenha herdado
Para memorar sua “heroica” tragédia
Mas, quem já era soberano no princípio,
Donos de praias, cerrado, florestas e campina,
Tem que ficar preso no dia do fardado
Que até hoje os condena à apatridia
Sobre o autor:
Ator e escritor pernambucano. Escreve desde a infância e entrou de cabeça no universo da literatura em 2009. Desafia-se regularmente a escrever nos diversos gêneros que lê avidamente. Idealizou o Literatura Errante, e tem batalhado para fazê-lo dar certo como um coletivo.
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Revisão: PAG
Muito bom ! Parabéns!
Poema maravilhoso. Está de parabéns~👏👏👏
Parabéns meu caro!!!👏👏👏
Uma aula de história e muitas reflexões. Adorei o poema!