estrela ferida da madrugada
eu te embalo na taça do meu olhar distraído
te embalo com os meus imaginários amigos
ao meio do céu de uma voz doente te embalo
e só o arpejo na pele arrepia o esquecimento
quando amanheceres neste passado
em que desenham os perdidos no sangue embalados
não te lembres de qual brilho foi o último nó
não te embales sozinha no teu congélido seio
não te espies pela ideia de uma utópica noite
estrela ferida da manhã
estrela da aurora da madrugada do encanto
eu te envio para um espaço apertado no verso do mundo
eles te enviam para o espaço dos amores que a tudo abraçam
estrela eu não minto de uma gruta gotejante
de uma caverna amena eu não embalo pensamentos
eu te envio para um espaço antes de túmulos
estrela filha
estrela da dourada tarde estrela antiga
um rio de nomes flui os rostos voltados por cima
os ouvidos que a ti escutam não suportam o silêncio
minhas mãos aos ouvidos com calma te embalam
e com cautela surges ao tentar fugir da cura
estrela ferida eu te envio para o toque de uma desculpa

Daniel Come é graduando em Letras Português, pela Universidade Federal de Pernambuco, poeta e tradutor eventual. Atualmente dedica-se à publicação de lírica e crítica na Literatura Errante.
Parabéns Daniel. Lindos versos.