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Falena

Sim ela vem!

Vem sobre o trovão,

Ela vem!

Na aljava traz seus raios,

Ela vem!


Seu vestido de viúva:

é de nuvens.

Seus adornos e seus brincos:

telúricos.

Vem chorar sua tristeza

sobre mim.


Procela de lágrimas acres,

Do fado do vale é a voz

Que varre da vida o viço

Qual silencioso algoz


Nem deusa, nem anjo o é

De Eva é filha que chora

Comigo uma grande saudade,

Do Éden de onde saiu.


Seu canto altivo ouvi

Porque canta dentro de mim

As dores amargas da bílis

Nas cordas de uma guitarra


O seu caminhar inaudível

Com um não passar se parece

E a dura demora que imprime

O faz pela mão do devir


Quem me vê com ela a cismar

Dirá que padeço, nas trevas,

De uma minguante doença

Que me desfigura o rosto.


Aguardo, porém outra forma,

Um outro, de mim, nascerá

No Reino do Sol que trará,

As chaves de outros jardins.


Então ela irá para sempre,

Com a velha forma de outrora,

Morar no sem fim do sem fim.

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