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Mulher Selvagem


Foto de uma mulher negra, forte
Ilustração: Enrique Meseguer (Pixabay)

Se entre dentes trago navalha,

Foi por aprender

A meu corpo defender,

Minha alma proteger.


Não pode! Não deve!

Não consegue! É feio!

Inúmeras inserções culturais

Podando meu existir.


De tanto andar entre lobos

Resgatei do mais profundo ser

O instinto selvagem de viver.

Afinal, ser apenas boazinha, não faz a vida florescer.


Com força e intuição

Mergulhei em nova vida,

Naveguei em minhas trevas

Resgatei o meu poder.


No olhar lanço perfume,

Bem como faço terra tremer.

Do patriarcado não tenho medo,

Pois aprendi que tem de morrer.


Não, não trago ódio no coração

Ser mulher selvagem é lutar

Por direito e equidade,

É se apropriar da própria dignidade.


É amar nosso planeta,

Respeitar nossos irmãos,

Ver no outro

Sua própria extensão.


Se entre lobos, preciso viver

Com os lobos aprendi a correr.

Mostro os dentes com razão

E não temo a solidão.


Sei que há horas de voar, outras de ficar;

Momentos de ser forte, outros de ter colo;

Não ter vergonha de sangrar

E também de me amar.


Ser mulher selvagem é dançar, sob a lua uivar,

É olhar para todos os lados, farejar com precisão.

Ouvir o som do coração, ter a magia nas mãos,

É morrer e renascer, e não viver em vão.

 

Sobre a Autora:

Jussara Helene Martins, Odontóloga, Terapeuta e Escritora, sua alma livre permite permear por áreas tão distintas com leveza e alegria.

Atualmente reside no Litoral Norte de São Paulo, local que muito influenciou em seu posicionamento perante a vida, refletindo profundamente na escrita.


 

Revisão: Luiza Fernandes

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