A gente nasce pra viver
Sem saber se vai vencer ou perder
O ensinamento vem no sofrer
O homem fecha os olhos pra não ver
O rasgo, o ferimento, o câncer
O Temporal avisando que vai chover
O poético se vê no poço
Entranhando na nossa osteoporose
Que corrói por dentro do osso
Sob a dor
Da loucura de um peito magoado
Rasgado, se decompondo
Apodrecendo por cada inalada
Do cotidiano, desesperada
Sonhando com tal democracia
Mas ao cair no dia a dia
Vê que a melancolia é ditatorial
Sonha no mundo a conquistar
Mas não vê que és o conquistado
És uma das crianças chinesas
Degoladas na frente do Khan
Não és o fogo
Que derruba o império romano
És as cinzas de Roma
Não és a água
Que afunda Atlântida no oceano
És o cascalho afundado
Mas não tenha medo
O mundo ainda é desse jeito
Não existe cantador
Cantando na feira de mangaio
Ou bruxo uruguaio
Que esteja livre de tais maldições
Na tragédia ou no amor
Todos estão aos mesmos portões
Os portões do cemitério
Sobre o Autor:
Pernambucano, ator, produtor cultural e escritor, Luiz Alladin escreve versos desde a infância, influenciado pela família, mas entrou de cabeça mesmo na literatura quando largou a faculdade de ciências contábeis e começou a frequentar os saraus. Hoje ele se dedica em escrever seus textos e a produzir eventos culturais na região onde vive, no interior de Pernambuco, preservando espaços de cultura de resistência.
Revisão: Pamela Giovana Augusto
Muito bom. Parabéns Alladin.
Parabéns meu caro.👏👏👏👏