Quem no coração põe lenha
queima os dedos, ficam as mãos.
Há sempre quem consiga
amar direito com todos os dedos
e sem as mãos.
Disse o maquinista ao carvão:
“Assim funciona a locomotiva inteira,
e o trilho longo que dá na morte.
Um lado atiça o fogo,
parte as unhas, queima os cabelos,
perde o toque, anel e mapa;
outro lado com a água ampara,
rega abismo, encosta, cercas
e o passageiro que paciente espera,
até que o amor seu braço estenda
e lhe fure os olhos com seus dedos.”
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