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Foto do escritorLiteratura Errante

Viagem

Quem no coração põe lenha

queima os dedos, ficam as mãos.

Há sempre quem consiga

amar direito com todos os dedos

e sem as mãos.

Disse o maquinista ao carvão:

“Assim funciona a locomotiva inteira,

e o trilho longo que dá na morte.

Um lado atiça o fogo,

parte as unhas, queima os cabelos,

perde o toque, anel e mapa;

outro lado com a água ampara,

rega abismo, encosta, cercas

e o passageiro que paciente espera,

até que o amor seu braço estenda

e lhe fure os olhos com seus dedos.”

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