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Vozes Silenciadas


Foto de uma mulher negra, forte
Ilustração: Karl Manguson (Unsplash)

O café em seu aroma

Traz em suas entranhas

Marcas de dor e luta

Que a história quis apagar


Mulher escrava ia pro eito

Mesmo servindo na casa grande

Sem falar da obrigação

Em gerar filho pra ajudar na plantação


Teve mulher da elite, tida como coadjuvante

Rotulada de boneca, e de sem preocupação

Na ausência dos maridos, saiam da retaguarda

Embrenhavam-se no sertão pra cuidar da produção


A mulher imigrante fazia a panha do café

No trabalho da derriça, eram chamadas meia-enxada

Com contrato em nome de homem

Trabalhavam o dia todo pra ganhar só a metade


Mulheres, colonas sofridas, desde que aqui chegaram

Já iam para o trabalho com seus filhos no colo

Lá viam engatinharem e darem os primeiros passos

E os de 12 anos na lida já entravam


Tinham o assédio a enfrentar, como diz o ditado popular:

“Se tiver fia bonita, não mande apanhá café

Se for menina, volta moça, se for moça vira muié.”

E se ainda engravidavam, em desgraça elas caíam


A história silenciou essas vozes femininas

Escravas, colonas e proprietárias, as mulheres do café

E vocês ao sorverem essa bebida tão querida

Lembrem-se destas guerreiras já tão esquecidas.

 

Sobre a Autora:

Jussara Helene Martins, Odontóloga, Terapeuta e Escritora, sua alma livre permite permear por áreas tão distintas com leveza e alegria.

Atualmente reside no Litoral Norte de São Paulo, local que muito influenciou em seu posicionamento perante a vida, refletindo profundamente na escrita.


 

Revisão: Karla Gama

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