— Quantas vezes tu tinha ido lá?
— Uma ou duas.
— Já conhecia ela?
— Eu sempre a via no supermercado. Ela não tirava os olhos dos meus.
— Vocês já tinham saído?
— Só quando fui no trabalho dela.
— Quem levou a garrafa de licor?
— Eu levei. Ela sempre comprava, dizia que gostava.
— E o veneno?
— Eu não queria que ela continuasse naquele trabalho.
— Vocês tinham combinado essa relação?
— Eu queria ela só pra mim, mas ela dizia que não vivia sem homens.
— E tu não podia aceitar o trabalho dela ou procurar outra pessoa?
— Eu amava ela.
— Tanto que fez o que fez.
— Fiz por amor. Ela não era feliz.
— Como tu sabe? Pelo que tu falou ela não queria deixar a vida dela.
— Os olhos.
— O quê?
— Os olhos dela não negavam.
— E tu achou que seria melhor fazer o que fez?
— Ela está feliz agora. Encontrou com quem queria.
— Tu ficou com ciúmes de um cara morto?
— Ela só falava dele. Morou com ele e não queria morar comigo.
— Então tu decidiu que…
— Se ela gostava tanto dele, ficaria feliz encontrando com ele.
— Então tu não tem remorso...
— Ela dizia que os meus olhos eram iguais aos dele, ela amava meus olhos, só eles…
Agatha passou a mão no rosto. Levantou-se e saiu da sala, deixando a cliente a ser levada pelo policial.
Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.
O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.
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