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John Smith Sullivan (FanFic - TWD)

Hoje é sábado, dia 07 de julho, agora é meio-dia e cinquenta e sete. Eu estou confinado em um bunker. As criaturas se rastejam lá fora, seus gemidos me causam calafrios, chegando como ecos vindos das entranhas profundas e gélidas do inferno, se chocando como cacos de vidro nos meus ouvidos e espinha. Estou isolado a 500 metros de aço abaixo do chão, há várias salas projetadas para estocar comida e outras provisões. Acredito que este refúgio tenha sido construído durante a Segunda Guerra Mundial e, no momento em que escrevo neste diário, a comida se encontra infestada por larvas. Consegui arranjar um pouco do que sobrou limpo, para meu sustento, mas quase metade já foi dissolvida no meu estômago. A água daqui é quente e piora meu estado de quase sufocamento. A única coisa que entra nestas masmorras malditas é o ar, impregnado de morte e decomposição, que vem dos andantes lá fora, o que me faz perguntar se sobreviverei por não mais que uma semana. A maioria das plataformas curvilíneas desta porcaria está caindo aos pedaços, portanto, tenho medo me movimentar com rapidez sobre elas. Os elevadores se encontram sem energia, já tentei ligar os geradores a fim de reativá-la, mas nada adiantou, estou preso.

Hoje é sábado, dia 14, agora são, provavelmente, sete da noite. Perdi meu relógio de pulso da última vez em que subi as escadas enferrujadas, às quatro da tarde, num último impulso de sobrevivência, mesmo sem munição e com grandes chances de as criaturas estarem me esperando lá fora, famintas, com carnes, tripas e toda a sorte de nervos pendendo de seus dentes pútridos e bocas infectadas. Para o meu azar, elas ainda estavam à espreita, e na minha primeira tentativa de escapar, elas me avistaram e partiram para cima de mim, como os animais irascíveis que se tornaram. A violência com a qual uma delas me atingiu foi tanta, que voei pelo ar e fui parar com o rosto na areia ensanguentada. Por sorte eu estava perto da porta que dava de volta para a sala de controle, onde ficava a escotilha pela qual eu saí; corri para lá horrorizado e cambaleante, tonto, gemendo de dor por causa da pancada e também pelo desespero de saber que eu estava retornando para o meu buraco de rato. Eu tinha na mente que jamais conseguiria sair daqui desde o momento em que entrei. Ninguém veio até hoje para me salvar, nenhum grupo de sobreviventes ou equipe de soldados.

Agora devem ser por volta das onze horas da noite, a exaustão me deixou faminto, mas não como há dias e sei que vou morrer daqui a algumas horas. Meu organismo começou a devorar meus músculos e gorduras e, quando levanto minha camiseta, consigo ver as marcas dos meus ossos por sob a pele e sinto que começo a parecer um deles... Além disso, há uma marca de mordida no meu antebraço esquerdo, mal a tinha percebido quando fui atacado na superfície, nessa mesma tarde. Daqui a pouco começarei a perder a noção e os sentidos. Minha fome atiçará minha fúria, estremecerá minhas pernas, meus músculos se atrofiarão e eu começarei a vagar com fome, apenas faminto...

Eu só queria dizer uma última coisa a uma pessoa antes de morrer, mas talvez ela jamais saiba, pois, até onde eu sei, ela pode ser um deles neste momento:

Eu te amo, Eleanor.

(Páginas extraídas do diário de John Smith Sullivan, ex-paramédico)

FANFIC DE THE WALKING DEAD

 

Pablo Vieira Neves nasceu Rio de Janeiro, onde viveu até os 14 anos. Vive em Varginha-MG, desde então. ​Inspirado em um jogo de videogame chamado Alan Wake, passou a escrever. Escreve desde então por diversão. Publicou em no Wattpad (conta deletada, atualmente), no Recanto das Letras e também publicou em uma feira literária, em Varginha.

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No Twitter: @neves_vieira

No Facebook: @paulo.alef.75

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