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SÉRIE ANTEROS - Notícia da Morte


— Onde achou isso?

— Enquanto os peritos reviravam a cela e o gerente, percebi a tatuagem. É a mesma que encontramos antes. E mais, o Saldanha foi até a casa dele pra informar a esposa mas só achou a empregada que disse que a mulher e a filha estão passando uns dias na casa do pai dela, uma fazenda lá pros lados de Imburana.

— Ou seja, ele praticamente enganou a gente e agora vão instaurar uma investigação aqui dentro pra me dar mais dor de cabeça. Acho que caí na armadilha deles. Cadê o Saldanha?

— Foi comer alguma coisa na padaria.

— Vou atrás dele para irmos atrás da mulher do gerente.

— Eu também?

— Não. De você eu preciso pra outra coisa. Minha não era muito ligada ao celular e sempre o esquecia na bolsa ou na roupa, quero que tente rastreá-lo, pois não o encontrei lá em casa então pode ser que esteja com ela.

— Mas esses caras não deixariam ela com o celular.

— Pode ser uma esperança. Talvez tenham até pegado mas esteja no lugar onde estão mantendo ela. Só tenta.

— Tudo bem.

Ao virar as costas sentiu um puxão no braço e o beijo. Elisa saiu deixando o estagiário paralisado com a atitude inesperada da delegada.


Estacionaram a viatura ao canto da estrada e buzinaram. Veio da casa, não muito longe, o velho com o chapéu na cabeça.

— Bom dia, estamos à procura da sua filha. Temos notícias não muito agradáveis sobre o marido dela.

O velho abriu a porteira e estendeu o braço para o quintal. Elisa e Saldanha entraram. Já na casa, a empregada magricela serviu um café e alguns pedaços de brevidade. Dois minutos depois a esposa do gerente surgiu no corredor.

— Desculpe a demora, delegada. Minha filha amanheceu com um pouco de febre e estou toda hora verificando temperatura. Mas eu ouvi vocês comentarem sobre meu marido, isso?

— Sim, eu explicava a seu pai que ele foi detido para averiguações.

A mulher tentou uma cara de surpresa.

— E já contactou advogado ou foi pra isso que...

— Não foi necessário. É muito complicado ter de trazer uma informação dessas, mas... seu esposo, infelizmente, amanheceu caído na cela e sem sinais vitais.

Os olhos soltaram as primeiras lágrimas e o grito babado veio logo em seguida.

— O que vocês fizeram com ele?

— Nós nada. Ele já está com a perícia e teremos o resultado em breve.

— Vocês mataram ele. Eu sabia. Quando ele insistiu pra eu passar uns dias aqui eu previ que não era coisa boa.

— Senhora, entenda que nós apenas o levamos para interrogatório e uma noite, ele seria liberado ainda hoje. Não tínhamos nem motivo nem permissão de executá-lo.

— Eu sabia. Sabia disso. Se não fosse na mão da polícia ia ser... — Interrompeu a frase.

— A senhora sabia de algum envolvimento dele com...

— Vocês podem se retirar, por favor. Já fizeram o trabalho de vocês.

— Senhora...

— Por favor, delegada. Já não basta...

— Eu entendo, não precisa falar mais uma vez. Estamos indo. Meus sinceros sentimentos a você e à sua filha.

 

Sobre o Autor:

Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.

O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.

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