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SÉRIE ANTEROS - Conta Sangrenta


No centro da praça João Corsino de Freitas, Elisa tomava um sorvete com cobertura de lágrimas. Não era metade do que fora o pai. Não sabia como dar um rumo à investigação. Como provar cada crime que estava suposto apenas na sua cabeça. Sua equipe nunca a respeitaria.

Jogou a colher de plástico na lixeira e foi andando para casa. Na porta, Danilo a esperava com uma pasta nas mãos.

— O que é isso?

— Os dados bancários do nosso laranja. Mandei para análise na central da Caixa em Vitória e mandaram uma resposta: falso. Esses dados foram manipulados.

— Então...

— Já pode intimar o gerente para uma conversinha.

De volta à delegacia, entrou na viatura e seguiu para o banco. Passou pela porta giratória mesmo depois do expediente e foi direto na mesa do gerente.

— Me acompanhe, por favor.

— Boa tarde, delegada.

— Agora.

— Elisa, poderia saber o que está acontecendo?

— Prefere ser algemado no meio da agência?

Ele se levantou da cadeira de couro e entrou na viatura.

— Vamos recapitular os últimos acontecimentos envolvendo o senhor. Eu fui até a agência e lhe pedi dados da conta de Jordi Gonçalves e recebi a resposta que esperasse alguns dias. Esperei até voltar com um pedido judiciário e receber um maço de folhas impressas.

— Sim...

— Tenho certeza que no documento assinado pelo juiz não pedia dados incompatíveis.

— Como assim?

— Eu acho que você já pode tirar essa cara de desentendido e dizer com que intuito manipulou os dados da conta de Jordi Gonçalves.

— O que queria que eu fizesse?

— Me entregasse os dados corretos, ora.

— Não posso.

— Por quê? Por algum acaso alguém está com uma arma na sua cabeça te impedindo de fazer o certo?

— Não na minha.

— Como assim.

O gerente pediu o celular e abriu a galeria de fotos. Selecionou uma e virou a tela à delegada.

— Mas que merda é essa?

— Eles sabiam que você ia atrás da conta dele e pegaram a minha filha. — A primeira lágrima desceu— Eles sabem que meu sonho era ser pai, e só agora, depois de velho que consegui realizar.

— E por que você não me explicou a situação antes?

— Eles estão em toda parte. Controlam tudo. Se eu te procurasse eles saberiam.

— Quem são eles?

— Não posso.

— Estamos só nós aqui.

— Não posso.

— Então eu vou deixar você passar uma noite aqui, talvez amanhã possa.

Saiu da sala e deu ordens a Saldanha que o levasse para a cela.

Na manhã seguinte, Elisa não teve tempo nem de entrar em sua sala. A notícia foi dada na entrada. O gerente amanhecera morto.

 

Sobre o Autor:

Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.

O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.

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