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SÉRIE ANTEROS - Dúvida Furtiva

A delegacia estava um alvoroço quando Elisa chegou na manhã seguinte. Ao entrar foi logo abordada por Pereira e Saldanha.

— Delegada, assaltaram a fazenda do prefeito. O pessoal da militar já está lá. Mataram o capataz.

— Vamos pra lá agora.

Entraram na viatura e partiram na direção da fazenda pela estrada de terra que levava ao distrito de Imburana.

Ao chegar no paiol, já dava pra ver o corpo do capataz com uma mancha de sangue no peito.

— O que levaram? — perguntou Elisa ao policial militar que estava na entrada do paiol.

— Até então parece que umas selas, uns tambores de ração, a moto de uso do vaqueiro...

— Ração? — retomou Elisa.

— É. Pra cabrito, cavalo, milho pra galinha.

— Eles não iam se dar ao trabalho de assaltar ao celeiro do prefeito da cidade só pra roubar ração e sela...

— Civis e a mania de investigação. — Brincou o policial militar.

— Qual o nome do funcionário que morreu?

— A mulher dele estava indo pra casa da mãe quando chegamos. Só disse que era Dinho, mas o nome mesmo não sei.

— Depois a gente conversa com ela, deve estar muito abatida. Pegaram o endereço pra onde ela estava indo?

— Não.

— Porra! — estressou-se e voltou para perto do cadáver.

— Nem nome ele tem ainda. A perícia deu alguma notícia de chegar?

— Sem sinal aqui. Só tem um telefone na casa do prefeito. — respondeu Pereira.

— Vai lá e pede pra ligar pra perícia. Aproveita e pergunta a um empregado onde a mãe da mulher do capataz mora.

Enquanto Pereira foi à casa, Saldanha observava Elisa e seus gestos já conhecidos. Um tempo depois de olhá-la silenciosamente, comentou.

— Já criou uma hipótese aí nessa cabeça, né?

— Saldanha, você entraria na fazenda do prefeito só pra roubar ração e sela?

— Não mesmo. Isso tem em qualquer sitiozinho por aí.

— Isso não foi um assalto.

— O que tem de bandido burro nesse mundo não é pouco, delegada.

— Mas esses não vieram roubar.

— Como tem tanta certeza?

— Olha esse tiro. Foi pra matar. Um só. Isso não é mira de quem está só assaltando um paiol.

 

Capixaba natural de Ecoporanga, atualmente residindo em Feira de Santana-BA; estudante de Pedagogia, escreve desde criança. Apaixonado por café, criança, história, arte e cultura brasileira. A Arte de Viver foi sua primeira novela publicada, além da coletânea Contos Oh! Ríveis, de humor, estando presente em coletâneas de contos e poemas do Projeto Apparere e contos disponibilizados na Amazon.

O gênero policial vem sendo seu novo foco na escrita, explorando a temática familiar, um prato cheio para discutir as relações da sociedade e refletir sobre as atitudes passionais.

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