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A razão da escrita


Acabei de ler o prefácio de meu livro preferido e uma frase me tocou.

Acho que nada é feito sem motivo. Mesmo que seja um motivo simples ou banal, ele estará lá, no início de tudo.

Escrever semanalmente para este blog me oferece o motivo. Semanalmente, apenas decido o assunto para um novo, ou pego algum texto pronto e abasteço o espaço em branco da página de postagens.

Acho interessante o que a rotina pode promover. Não acredito muito em inspirações divinas ou mágicas (que acontecem, mas não dá para ficar contando com a sorte), por isso o esforço e a constância me são importantes. Pode ser que a inspiração seja bissexta. Não sei... Vai que não aparece...

Sendo assim, vamos ao trabalho.

Antes, eu tinha pensado em continuar falando sobre Narratologia, mas acho que não quero mais. Vou falar sobre a frase do prefácio de meu livro favorito:

“Quis fazer isso para minha própria satisfação, e tinha alguma esperança de que outras pessoas ficassem interessadas nesse trabalho, [...]”.

Antes que fiquem bravos comigo, esse é o prefácio do livro “O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel.”.

Estou relendo a trilogia. Por pura diversão. Talvez lá no fundo exista uma busca de inspiração, mas na primeira camada de leitura é pura diversão, insisto.

Sabe por qual motivo? A vontade de me transportar para o primeiro amor. Hoje a Literatura é meu trabalho, meu objeto de estudo. Leio muitas coisas para analisar, estudar, aprender. Mas em alguns momentos devemos parar e lembrar o motivo inicial. Você já se perguntou como escritor, o motivo de tudo? Fama, sucesso, grana, reconhecimento? Eu tenho questionado essas coisas. Se a busca por produzir uma obra literária de sucesso e que seja lida e vendida aos borbotões, encontre a resposta em uma produção em série de trabalhos vazios. Escutei uma conversa que me levou a essa questão: “Ah, meu amigo trabalha na editora responsável por esse concurso e me disse que o procedimento de escolha é esse: Primeiro; vão ver se a sinopse e a defesa da obra são chamativas; ou interessantes. Caso sejam, o próximo passo é ler determinadas páginas onde se encontram os plot twists ou pontos chaves na história. Aí se isso houver, irão ler umas quarenta ou cinquenta páginas.”.

Está bom... Fiquei pensando: Tal página terá um plot twist, ou um cliffhanger, e não pode ter infodump? E também deve ter, em tal capítulo, um Deus Ex Machina ou um Diabo Ex Machina? Será que a Miojização chegou à Literatura? Será que além do Sertanejo e do Pagode Universitários teremos a Literatura Universitária? Quem não entendeu a comparação talvez seja uma pessoa feliz. Algumas vezes não entender certas referências é uma dádiva, uma benção. Será que chegamos a Era da Fordização (isso seria a utilização do fordismo – um sistema de produção industrial em série) ou Taylorismo da Literatura, melhor dizendo, do mercado literário. Sim, estou me repetindo, já falei esses termos em outros textos. Mas são os ecos da produção artística em série, destruindo o conceito que Tolkien seguiu ao escrever seus livros. Bom, pelo menos é isso que acho.

Eu entendo o conceito de Tolkien como o fazer a arte pela arte, fazer pela satisfação de criar ou de simplesmente descarregar as histórias que invadem nossas mentes e nos obrigam a dividi-las com os outros.

Não quero dizer o que é certo ou sei lá o quê...

Só quero pensar e ou convidar à reflexão.

Será que teremos que seguir essas regras de mercado? Será que tudo tem que seguir as receitas de bolo? Mas e o tempero? Vichi... Não sei se essa analogia funciona. Quais seriam melhores? Comparar com a Indústria da Música? Tenho certeza que vão pensar: Ah!, mas (sim, depois de uma interjeição não precisa escrever com letra maiúscula) se o cara for bom, ele ou ela vai encontrar meios para quebrar essa constante. O talento sempre vence. Sim, eu concordo... Mas será que estão tentando quebrar as regras da miojização ou estão cegamente tentando fazer tudo para ser o próximo produto instantâneo da prateleira? Há quem se lembre dos clones de Chitãozinho e Xororó, aquela enxurrada de duplas com o mesmo corte de cabelo. Ou das cantoras que não sabemos se é essa ou aquela dupla. Algumas vezes até os nomes são parecidos para enganar aos incautos. Agora me parece que a moda é a barba e o corte de cabelo. Está bem, nada contra. Cortem os cabelos e usem as roupas que quiserem. Se a dupla está bem com isso e se sente bem, ótimo. Mas, me pergunto se é uma coisa mercadológica apenas. Posso comparar, essa questão das roupas e visual, aos nomes de livros com a “Garota” no título. Ou a “Menina”. Acho que se colocarmos essas palavras no título, as vendas serão automaticamente impulsionadas.

Achei de extremo mau gosto, os tradutores do livro, “Florence and Giles”, utilizarem o seguinte título em português: A Menina Que Não Sabia Ler.

Não sei se estou sendo claro. Se não, o texto não se aplica aos meus interesses. Mas é isso. Eu quero que a razão de minha escrita seja a satisfação. Seja o prazer da leitura. Tanto o meu próprio, quanto o dos hipotéticos leitores de minha feitura literária (antes de Feitura, escrevi Produção – para não causar maus entendidos, preferi trocar).

Então é isso. Lanço a pergunta:

Qual a razão da escrita?

P.S: Lembrando que quero ser lido e vender, rs.

P.P.S: Sem hipocrisia, entendo as necessidades do mercado, mas é necessário tudo obedecer às regras? Ou se encaixar em um padrão?

Até a próxima!

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