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A verdade sobre a literatura

Eu sempre imaginei uma coisa comum a todos os livros: função pedagógica. Entretanto, um dia, lá pelos meus oito anos de idade, descobri que poderiam servir, também, para a diversão e o entretenimento.

Ah! Lembrando que aprendi a ler antes dos sete anos. Àquela época minha visão era de que livro eram fontes de conhecimento, objetos mágicos detentores de saberes ancestral. Verdadeiros condutores dessa energia que nos move em direção ao novo. Os livros eram os lugares onde estava o conhecimento da humanidade. É que em casa meu pai tinha uma coleção de livros enciclopédicos: Física, Química, Descobertas e Invenções, etc. Não havia nada além. Daí o motivo do pensamento voltado à função pedagógica.

Já alfabetizado essa visão mudou quando após ler muitos gibis da Mônica, do tio Patinhas, etc. Uma tia me apresentou um livro chamado Perdidos no Mar, de Aristides Fraga Lima. Então me deparei com a função de entretenimento. Leitura de fruição. Que também não deixa de ter pedagogismo. Mas calma. Não vou me ater às questões acadêmicas. Aqui é para desnudar a cortina de mentiras contadas a você a vida toda. Que literatura é arte superior. Que escritores são pessoas especiais, que detêm poderes ocultos. Essas bobagens.

Então, vamos às revelações.

Acredito que a literatura começou de forma oral. Claro. A escrita e o registro vieram depois. A análise da escrita pode até separar a história da humanidade em antes e depois da escrita dado o poder de transferência de conhecimento e quantidade de saberes que são registrados e guardados. Relatos orais podem e são contaminados por uma série de fatores externos que podem corroer a verdade e tal. Mas isso também é outro assunto.

Vamos nos atentar ao surgimento da literatura na humanidade. Desconsidere a escrita. Depois a gente analisa isso.

Voltando...

A literatura começou quando, lá na era primeva do Homem, alguém saiu para caçar e na volta à aldeia, não tendo nada, nenhum produto do trabalho e vendo a frustração de quem o esperava com o jantar, teve que inventar uma história.

“Matei uma preguiça imensa, mas um bicho carnívoro sentiu o cheiro de sangue e a roubou de mim. Era minha vida ou a caça.”

Isso é uma tradução livre, lógico. Na verdade, ele disse:

“ada bungulunga xibiu monstrão come come xanguitá.”

Vendo-se livre do julgamento injusto da aldeia, por não conseguir caçar, nosso anônimo caçador sem sorte, viu que “Histórias de pescador” serviam para aplacar ânimos contendedores. Era um homem que não queria briga. Ali também nasceu a filosofia “deboista”. Claro que o primeiro gênero literário discursivo foi a “história de pescador” e tudo que veio depois: as intertextualidades, interdiscursividades, intergenericidades são produtos desse gênero primitivo, que moldou a história humana.

A Teoria Literária e a Literatura Comparada negam-se a estudar e esmiuçar esse fato por medo de diminuir a aura mágica que escritores possuem. No fim, a literatura surgiu para salvar a pele de um caçador incompetente, embora excelente mentiroso.

Já disse isso para um aluno. Ele, que enfrentava um bloqueio ao ser solicitado para escrever um conto que valeria nota, disse-lhe:

“Nunca mentiu para sua mãe?”

“Nunca contou uma mentira sobre um peixe imenso que quebrou a vara em uma pescaria?”

“Nunca exagerou uma situação só para fazer graça em uma fofoca?”

Amigos. Ele arregalou os olhos. Olhos que faiscaram frente à descoberta da pedra filosofal, frente a maior lição que um curso de redação pode lhe dar. O segredo da literatura.

Invejosos vão falar que quero destruir essa era de coaching literário, que sou reducionista, que quero ofender a academia. Mas não. Quero desvelar a verdade. Romper as amarras acadêmicas que lhes prendem a pensamentos que bloqueiam a criatividade.

Vá!

Escreva!

Seja o caçador!

Seja o pescador!

Converse com a vizinha que sabe as coisas do bairro!

Sente-se à mesa de bar onde os fofoqueiros profissionais habitam!

Escreva sem amarras!

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