O Imaginário da Magia
O subtítulo é o nome do livro que comecei a ler essa semana.
Vou dar um tempo na filosofia. As reflexões da semana passada ainda estão me perturbando. Ainda mais porque notei um paralelo que me incomodou.
Você se lembra de quando Neo é tirado da Matrix e apresentado ao deserto do mundo real?
Ele não tem cabelo, tem vários plugs pelo corpo, estava em estado de torpor naquela gosma rosa.
E, depois de um tempo, ele entra de novo na Matrix. Seu cabelo aparece, suas roupas não são mais aqueles trapos que ele usava na nave Nabucodonosor, não tem mais os plugs, etc.
E notei como isso é real em nossas vidas.
Não foi preciso chegar em 2199. Agora mesmo em 2021 estamos na Matrix. As maquinas venceram a Guerra. Somos apenas dados, bits, bytes; energia correndo em processadores.
Apocalipse zumbi? Apocalipse das Máquinas?
Tanto faz...
O que me fisgou foi a roupa e o cabelo de Neo.
Sério.
No mundo real, ele está desgrenhado, rasgado, careca.
Não tem coisa mais cyberpunk: Alta tecnologia e péssima qualidade de vida.
Então, Neo se conecta à Matrix. Os cabelos crescem, ficam esvoaçantes. Roupas legais.
Isso não é como os filtros de fotos do Instagram?
Ou, sei lá... Todas essas ilusões que as redes sociais criam.
Isso não se parece com Cypher preferindo comer um bife virtual a viver a vida autêntica que lhe fora apresentada?
Morpheus já havia alertado Neo: Pessoas lutariam para fazer que a Matrix não fosse destruída.
Mas nem é essa a questão.
O que me incomodou é essa falta de autenticidade.
É como se a tentativa de “ser diferente”, rompesse tanto com o padrão que a frase dita aos que desejam sair da Matrix é: Você é louco.
“Você não se encaixa” eu já ouvi bastante. Mas, ok Eu busquei isso. Fui músico, fui poeta, escritor, ator, artista. Isso não é para peças da engrenagem social virtual.
Eu nunca tirei foto de prato de comida. Talvez, mas o prato estava vazio. Você acha que eu iria perder tempo? De garrafas de cerveja acho que até tirei, mas estavam sem gelo. Geladas? Eu não arriscaria mudar um grau na temperatura só para tirar uma foto.
Em um show quero usar meus olhos, guardar a memória na mente e não em um vídeo que vai ficar na nuvem.
Quero fechar os olhos e me lembrar das pessoas que amei sem filtro.
Amar sem filtro talvez seja o que mais precisamos. Amar sem ilusão.
Ontem eu dormi cedo, mas acordei assustado, de madrugada. Talvez um pesadelo.
Mas não importa, mesmo pesadelo ou sei lá o que quer que tenha sido, era real. Sem filtro.
Eu tenho pensado muito nisso. Viver sem filtro.
Esfarrapado, careca, mas real.
Parece-me que a humanidade prefere a ilusão.
Está aí a rearmonização fácil que não me deixa mentir.
No futuro teremos Mães e Pais rearmonizados, lindos maravilhosos, esculpidos e... Com filhos horrorosos.
A não ser que a Engenharia Genética seja usada para criar humanos lindos.
Hum...
Não acredito nisso, duas em três crianças querem ser Tiktokers, acho que involuiremos.
Até semana que vem com minhas impressões sobre o Imaginário da Magia.
Sim... O título foi só para fisgar os incautos.
Até mais.
Seria a "matrix" uma tentativa de trapacear a realidade? Muito bom texto, outro convite para reflexão!