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O império da opinião


Mulher indígena (Sônia Bone Guajajara) segurando a bandeira brasileira banhada em sangue indígena, tremulando ao vento.
Foto de Jeremy Bishop (Unsplash)

PARTE I – Direito à opinião


Todo mundo tem direito

A ter e expressar opinião

Mas, opinião não é achismo

Quer você queira ou não


Muitos pensam que é o que basta

Supor algo e está pronto

Opinião está formada

E merecedora de respeito


Mas, isso não é opinião

Essa visão está equivocada

Não passa de mera ilusão

Transmitida e divulgada


Opinião, pra realmente sê-lo

Precisa ser embasada

Tem fundamento, estudo e zelo

Não se pode tirar do nada


Logo, se invoco meu direito

De sustentar uma opinião

Que eu a extraia do cérebro

E não do ânu… do coração



PARTE II – Liberdade de Expressão e Responsabilidade


Todo mundo tem direito

À liberdade de expressão

É líquido, exigível e certo

Publicar, quer queira ou não


Mas liberdade de imprensa

Não se exerce arbitrariamente

Publique-se o que se deseja

Mas, responsavelmente


Não se trata de censura

Seria coisa abominável!

Jamais deseje ditadura

Que é tipo de mal insanável


Mas, nunca se aliene

Da insigne prerrogativa

Do seu direito perene

Da verdade proativa


Ao se fazer uma publicação,

Respeite o que é fato

Expresse sua opinião

Sem dar voz a boato


Ora, a verdade não é algo nato

E opinião dá muito trabalho

Mas, no fim, seja sensato

Mentir te faz carta fora do baralho


Melhor caminho é preservar-se

E manter confiabilidade

Que em glória temporária deleitar-se

Na incerteza da volatilidade


Falsas ideias vêm e vão

E conquistam seu lugar e tempo

Falsas ideias não vêm em vão

Mas, é perigo erigir-lhes templo



PARTE III – Império da Opinião


Vivendo uma nova Era

Chamada de pós-verdade

Que horrenda quimera

Em plena puberdade


O fato já era

E foda-se a verdade

Libertaram a fera

Da iniquidade


Tudo se adultera

Sem a mínima idoneidade

A mentira agora impera

E a “opinião” sem criticidade


Repetem-se sem responsabilidade

“Fatos alternativos”, e se venera

Um “Mito” desprovido de sanidade

E a quem disso discorda, se impropera


Foi-se embora a sanidade

Respira-se pesada atmosfera

Não há mais de imprensa liberdade

Pois a censura à espreita espera


Mais uma ameaça reverbera

Com pleno abuso de coercibilidade

Feita com armas apontadas e cólera

Contra jornalistas de credibilidade


Porque ousaram com dignidade

Fazer justamente o que se devera

Não se trata de santidade

Mas, perguntar à autoridade, seu mister impera


O presidente sem urbanidade

Em atitude sem a menor têmpera

Desprovido de qualquer honestidade

Encerrou a coletiva como sempre quisera


Nesta realidade tão áspera

Lutar pela liberdade impera

Não pela irresponsável de falar asneira

E alimentar a pútrida oncosfera


Mas, a liberdade de imprensa

De falar a verdade densa!

Ora! Dar opinião fundada compensa

Mais do que proferir gratuita ofensa


É preciso acabar, portanto,

Com o império da falsa opinião

Lutar pelos fatos neste antro

E acabar com a desunião



PARTE IV – Possível saída


Se opinião cada um tem a sua

Concordâncias terão demasiados hiatos

Unamo-nos então pelo poder dos fatos

Que não é algo que alguém possua


E discordâncias? Ah! Sempre tenhamos!

Que discordar tendo respeito

É saudável, e é mais do que direito

Pela saudável discordância exortamos!


Aos que ora recebem este convite

Sejamos firmes, mas, não chatos

Para que a democracia gravite

Acolhimento e bons atos


Tal exercício não é fácil

E nem sempre se consegue

Não é ser somente dócil

Pois a mentira assim prossegue


Não calaremos, mas ouçamos

Não julgaremos, mas não esqueçamos

Reconheçamos que nem todos recuperamos

Mas a cada alma salva, enfim comemoramos!


 

Sobre o autor:

Ator e escritor pernambucano. Escreve desde a infância e entrou de cabeça no universo da literatura em 2009. Desafia-se regularmente a escrever nos diversos gêneros que lê avidamente. Idealizou o Literatura Errante, e tem batalhado para fazê-lo dar certo como um coletivo.

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Revisão: Carol Vieira

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