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Quer começar a escrever? Pule do Precipício

"Eu sempre tive vontade de escrever. Como faço pra começar?"

Sinceramente? Começando. Só comece!

Veja bem. Para um bebê poder andar, ele precisa passar pela etapa em que cai diversas vezes, até desenvolver equilíbrio. Para cair, precisa ficar de pé. Para ficar de pé, precisa ter engatinhado o suficiente para sua coluna ganhar uma curvatura que lhe permita se sustentar sobre as pernas sem pender para frente. Para engatinhar, precisa, quando deitado de bruços, aprender a levantar e sustentar a cabeça.

De bruços, levantar a cabeça, é o equivalente a você começar a escrever. Então, comece.

Se você se sente mais à vontade com papel e lápis ou caneta. Comece a rabiscar. Se tem mais agilidade com o teclado do computador, ou mesmo o teclado virtual do seu smartphone, não importa: simplesmente abra um editor de texto qualquer e solte suas ideias lá.

Espero que você compreenda o quanto antes: nesse momento inicial, principalmente se você é iniciante, é quase uma certeza de que vai ficar horrível. E ISSO É ÓTIMO!!!

Caso eu não tenha me feito claro o suficiente: você simplesmente ainda não aprendeu a escrever. Exatamente como um bebê não sabe andar. É isso, mesmo. Você vai precisar cumprir diversas etapas, e errar bastante para finalmente chegar no ponto em que comporá textos memoráveis. Entre as etapas que considero universais, eu destaco ler muito e escrever bastante. Mas, se você quer mesmo ir além de ser mais um, estudar vai fazer toda a diferença!

Se você não é mais iniciante, seus fantasmas são outros, mas, o conselho continua valendo.

Você poderá notar que, após estudar bastante, ou após ter visto críticas duras sobre o seu trabalho, a tendência natural é começar a se policiar enquanto está escrevendo. Não faça isso! Não deixe que isso te afete na hora de escrever. Simplesmente solte o verbo, jogue as ideias, escreva tanto quanto você tiver para escrever. Se o problema não for tão grave a ponto de comprometer o que está sendo escrito, você sempre pode limpar e corrigir tudo depois de tiver terminado de escrever. De qualquer modo, mesmo que não seja possível salvar no final, serve de rascunho pra recomeçar do zero, e você evitou de perder uma boa ideia. Sem falar, claro, que ter escrito já vale o exercício!

Experiência própria, que creio ser motivadora: Durante a adolescência, tendo em torno de uns 13 anos, participei de um grupo de teatro no colégio, e o professor pediu para a gente ir fazer uma cena curta, monólogo. Eu não fazia ideia do que fazer. Não imaginava sequer que tipo de personagem eu ia fazer. E rapidamente fui mandado para cima do palco para fazer algo. Preciso destacar: até então, eu não tinha nenhuma base de formação em atuação nem nenhuma técnica de improvisação ou escrita criativa. Minha solução foi sentar bem encolhido, no canto, acuado de verdade. Estava com vontade de rir de nervoso, e então resolvi soltar uma gargalhada. Pronto, eu havia começado. Como a gargalhada parecia um louco, eu desenvolvi o improviso de um louco. Como o exercício era para contar a estória de vida do personagem, eu introduzi a fala com sua entrada no manicômio, dizendo que não era louco para ter sido levado lá e, claro, dei todos os sinais possíveis de que era louco. Falava com alguém com quem dividia o palco (e, obviamente não estava lá). Foi bastante revigorante ver as pessoas dirigirem o olhar para onde não tinha ninguém, quando eu falava com a pessoa imaginária. Foi muito agradável ver os rostos de satisfação de cada um que largou qualquer outra coisa que lhe distraía até eu entrar em cena, e as palmas mais efusivas do dia ao fim do monólogo. Eu, até então, não havia demonstrado talento algum para improviso, para inventar estórias e, no grupo de teatro, era o reserva do coadjuvante. O que fiz de diferente? Me joguei, como num precipício, e, uma vez caindo, já não havia mais como conter a queda senão aprendendo a voar. Espero que essa lição ilustre bem o suficiente para você não mais esquecer de sempre se jogar. Sem riscos, não há benefícios.

Então, recapitulando: você sabe algo que acha que pode interessar a alguém? Escreva sobre. Tem uma estória da qual acha que alguém poderia gostar? Escreva. Acha que algum fato, ou mesmo sua vida ou de outra pessoa, pode ser interessante de ser relatado? Escreva. Não fique esperando um momento ideal, não espere o momento em que você se sentirá pronto, nem uma data ou acontecimento futuro qualquer. Somente escreva! Isso já faz de você um(a) escritor(a) - repare que não disse que é bom/boa escritor(a). "Escritor(a)" é ofício, não selo de qualidade. Lembre-se sempre disso.

Importante: Lembre-se de que ficção não tem compromisso com a realidade, enquanto a não-ficção, por excelência, tem. Com o tempo, você perceberá que ambos poderão demandar pesquisa e estudo. Com o tempo, perceberá que, também para aperfeiçoar sua escrita, será preciso estudar. Talvez, se você está lendo esse livro*, já tenha percebido isso. Bem vindo ao mundo do escritor!


Pablo Gomes, junho de 2020



*Este texto é um dos capítulos do livro "COMO ESCREVO - e como isso pode te ajudar", ainda em desenvolvimento (mas, já com diversos capítulos publicados) no Wattpad. Achei que seria útil e produtivo compartilhar alguns capítulos dele aqui, ocasionalmente, mas recomendo fortemente que você visite o livro. Há muitas dicas interessantes, por lá.


 

Sobre o autor:

Pernambucano, ator e escritor. Escreve em versos desde a infância e entrou de cabeça no universo dos contos e romances em 2009. Escreve em diversos gêneros, desafiando-se regularmente. Tem trabalhos em obras realistas, de fantasia, ficção histórica entre outros. Idealizou o Literatura Errante, inicialmente um blog, e tem batalhado para fazer o Literatura Errante acontecer nos novos moldes.

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