Mais um mês, e mais um editorial mensal é produzido. Hoje, esse editorial foi escrito e reescrito, e espero de coração que ele não se torne assim uma colcha de retalhos incompreensível!
Ocorre que não é possível ignorar uma série de fatores. Começamos a semana com o Dia da Mulher, um dia que surgiu da luta feminista, e foi cooptado pelo mercado capitalista. Mas, para quem defende a igualdade de gêneros, mesmo que já seja data de comemorar uma série de vitórias e conquistas, ainda é uma data de luta. A mulher ainda não alcançou o espaço que merece na nossa sociedade desigual e patriarcal. Ainda é a principal vítima de diversas formas de violência, ainda recebe menos do que os homens, mesmo trabalhando mais, tem jornada dupla, tripla, quádrupla... Tanta coisa ainda está longe de ser concretizada, que não dá para simplesmente cruzar os braços. Em homenagem à mulher, essa semana faremos uma semana especial do dia da Mulher.
E esse dia que tanto representa uma grande luta terminou por ser ainda mais intenso para nós. Houve um certo imbróglio nas nossas redes sociais, envolvendo uma publicação da semana passada, O Engodo do Cramunhão (especialmente a ilustração da publicação, que parece não ter agradado alguns militantes favoráveis ao governo atual. Portanto, aproveitamos este editorial para destacar algumas informações importantes sobre nossa linha editorial:
Nem todas as nossas publicações refletem a opinião do Literatura Errante (ou mesmo a minha opinião pessoal, apesar de eu ser o editor), pois defendemos a democracia e a liberdade de expressão. A essa liberdade, a única barreira é a responsabilidade: não admitimos que se espalhe desinformação, fake news, incentivo a ódio, preconceito e ideias afins;
Afirmar que algumas opiniões não refletem a opinião do Literatura Errante significa dizer que, como somos uma comunidade diversa, representamos uma diversidade razoável de opiniões. Não somos, nem pretendemos ser neutros (até porque neutralidade não existe), nem isentos. O Projeto Literatura Errante não fica em cima do muro, mas, deixa a cargo de cada um de seus membros se expressar (aqui ou em qualquer outro lugar) suas posições políticas, ideológicas, religiosas etc., o que significa, obviamente: o que é opinião de uns pode não ser de outros. Por isso, dizer que um texto pode não refletir a opinião do Literatura Errante também não quer dizer que não reflita, apenas que somos diversos e respeitamos a diversidade;
Nós temos, sim, opinião. sobre o atual presidente da república. O nível de rejeição a ele pode variar entre nossos membros colaboradores voluntários (equipe que trabalha no Literatura Errante), e muito mais entre os leitores e contribuidores eventuais. Mas, entre os que convivem mais diretamente, é unânime que nós rejeitamos o atual indivíduo que ocupa o Palácio do Planalto. Suas decisões deliberadas, hoje é sabido, foram tomadas para aumentar a contaminação na nossa população, inclusive consciente de que isso provoca caos na saúde pública e aumento exponencial das mortes! Não é possível permanecer calado diante de um morticínio, de um genocídio premeditado e deliberado, tão minuciosamente executado! O Literatura Errante acredita, portanto, que não pode se calar diante disso, e, por isso, se dispõe a, entre muitos outros assuntos, abordar a tragédia que tomou de assalto o nosso país, entre os temas que nossa literatura aborda, pois a arte tem muitas funções além de entreter, e uma delas é politizar!
Mas, isso não pode tomar o lugar das mulheres. Asseveramos, nesse dia que é delas, que nunca desistam do que é seu direito. Muitos desses direitos ainda estão no papel, mas não vão virar realidade sem muita luta (e por isso, sim, o feminismo é preciso, é necessário). Tenho orgulho de dizer que nossa equipe já tem mais mulheres do que homens. As proporções na verdade ainda oscilam, já que a equipe não para de crescer. Mas, qualquer oscilação em torno dos 50% é um sinal de que estamos trabalhando em tênue equilíbrio. Começamos, também, a partir de hoje, a publicar uma coluna de artigos sobre feminismo e literatura, com a escritora feminista Aline Amorim, porque não só de palavras, mas, de ações, vive uma convicção e, principalmente, a esperança de mudar o mundo para melhor!
Vivemos tempos intensos e difíceis, mas, não abrimos mão da potência de cada um(a) dos/das pessoas que nos procuraram com o interesse de nos apoiar, pois há, ainda, grande potencial a ser alcançado, e só o faremos juntos!
A você que leu até aqui:
Muito obrigado por ler este editorial!
Por favor, considere, caso queira e possa nos ajudar, aderir a algum dos nossos planos de financiamento coletivo, a partir de apenas R$7,5 ao mês;
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Todo dia 08 do mês, um novo editorial.
O Editor:
Pernambucano, ator e escritor. Escreve em versos desde a infância e entrou de cabeça no universo dos contos e romances em 2009. Escreve em diversos gêneros, desafiando-se regularmente. Tem trabalhos em obras realistas, de fantasia, ficção histórica entre outros. Idealizou o Literatura Errante, inicialmente um blog, e tem batalhado para fazer o Literatura Errante acontecer nos novos moldes.
Publica também em:
Wattpad: @PabloAGomes
Trema: Pablo Gomes
Redes Sociais:
Instagram: @pabloagomes
Skoob (usuário): PabloAGomes
Skoob (autor): Pablo Gomes
Parabéns Pablo, parabéns equipe LE! Temos que usar o que estiver em nosso alcance para fortalecer a nossa luta!
Infelizmente é triste ver como muitos indivíduos deturpam atualmente o conceito da Liberdade de Expressão no intento de espalhar suas mensagens de ódio, racismo e xenofobia pelas redes sociais alegando que podem se expressar da forma que bem entendem, mas o que nos define como pessoas é o respeito ao próximo. Levantar uma bandeira de crítica ao atual regime de governo que só vem trabalhando em causa própria é o nosso direito como cidadão questionar porque a política não vem sendo usada em prol do povo que os elegeu. É diferente de escolher um povo, raça ou credo e atirar pedras nele simplesmente pelo fato de não gostar do que representam. Realmente passou da hora de termos um governo que…
"Por isso, dizer que um texto pode não refletir a opinião do Literatura Errante também não quer dizer que não reflita, apenas que somos diversos e respeitamos a diversidade" achei esse trecho sensacional, confesso.
Mais um mês aqui no LE. Mais um mês que só dá orgulho fazer parte disso tudo. Parabéns, Pablo e parabéns à toda a equipe do LE!
Palavras claras e precisas! A arte vai além do entretenimento, é uma ferramenta que tem o poder de tirar-nos da zona de conforto promovendo reflexões. A manifestação artística tem sua força transformadora justamente na provocação, no impacto e porque não no incômodo.
Parabéns Pablo, o LE é um veículo sério e democrático que promove a expressão artística, política, filosófica, literária, com respeito e veracidade. Agradeço desde já a oportunidade em poder expor meus textos, sob uma perspectiva feminista, trazendo a público mulheres sensacionais, muitas vezes silenciadas e/ou esquecidas nesse mundo tão machista. Agarro este desafio! Simbora!