top of page

HELL - Cap. III - Luxúria

O que é o prazer? O que é o desejo? Dependendo da pessoa, você terá respostas diferentes para essas perguntas. Não sei por que, normalmente, pensamos que os desejos secretos das pessoas têm a ver com sexo ou coisas do tipo, os outros prazeres da vida podem ser tão viciantes quanto esse.

Eu sou uma pessoa que se entregou a esses outros prazeres. Se quiserem me chamar de algo, pode ser Mente. Ainda lembro como foi o meu primeiro dia naquela instalação, as roupas antirradiação, o cheiro de álcool dos laboratórios e minhas mãos suadas.

Esse era para ser o grande momento da minha vida, porém não conseguia deixar de sentir medo, afinal dar sentido à morte de 30% da população mundial era o meu trabalho, descobrir o que era a doença mais mortal já conhecida pelo homem e quem estava por trás dela.

Já havia se passado cerca de seis meses desde a grande crise, o mundo estava à beira de uma terceira guerra mundial e dessa vez seria de todos contra todos. Nem os países mais neutros tinham como se manter distantes dessa crise. Cada país ia às redes com seu time de especialistas renomados para apontar a culpa de outro.

O caso mais sério dessa tensão internacional foi a prisão de um cientista que tentou atravessar a fronteira para pesquisar o “agente X”, que era como a comunidade chamava essa bio-máquina.

Acho que devo contar como acabei diretamente relacionada com essa empreitada para encontrar a origem do “agente x”. Um dia, eu, assim como muitos dos meus colegas na universidade, recebi uma intimação do governo. Fomos separados nas salas dos vários prédios do governo, espalhados pela cidade, e colocados de frente a um arquivo com vários dados.

Tudo o que pediram foi para que fizéssemos um relatório com as nossas conclusões sobre os dados apresentados. Minha área de especialização era a micro biologia espacial, tendo alguns artigos publicados. Meu trabalho mais reconhecido fora um sobre uma análise evolutiva das bactérias encontradas nas cavernas de marte, assim como no gelo congelado a uma profundidade de dez metros da lua de Europa, na órbita de Júpiter.

Os dados que me apresentaram era um gráfico de divisão celular, assim como análises do código genético de uma infinidade de bactérias que eram classificadas em várias espécies. Realmente, foi estranho que eles quisessem que eu analisasse tudo aquilo em duas horas, mas eu sempre gostara de desafios.

Tratei aquilo como um quebra-cabeça. A primeira coisa que fiz foi ignorar o número. Uma grande quantidade de informação pode ser uma distração na busca por uma resposta. Primeiro princípio de um mistério: quanto mais fantástico algo parece, mais simples é a resposta.

Eu peguei três arquivos e os analisei, porém não vi nada de incomum entre eles, tirando o consumo grande de nutrientes. Pareciam bactérias comuns, por isso fui ver os gráficos de divisão celular e foi aí que tive uma surpresa.

Como muitos sabem, uma célula divide-se e, com isso, torna-se duas, e depois essas duas tornam a se dividir, virando quatro e depois o processo se repete. Portanto, isso significa que existe uma proporção na divisão celular, se consideramos que todas as células divididas se dividissem ao mesmo tempo o número de células em um instante t seria dado pela equação . Porém esse gráfico continha um sério erro.

Provavelmente passaria batido por um colega que não fosse especialista em plotagem de gráficos ou um bom conhecedor de simetria ou da ausência dela. Vejam bem: células em divisão não se dividem em proporção temporal, ou seja, o gráfico do número de células em função do tempo não pode ser dado pela equação acima, principalmente por causa do limite Hayflick, que é o limite de vezes que uma célula pode se dividir até que morra. No entanto, o gráfico que eu vi era uma exponencial perfeita pela proporção dos primeiros pontos.

Isso era uma pista que eu poderia usar. O gráfico não era real, então os dados dos arquivos também podiam ser falsos. Olhando por cima as outas pastas, vi um padrão: alta resistência a antibióticos. Os mais fortes tinham um efeito praticamente nulo. Havia algo realmente errado com aqueles dados, não tinha como existir uma quantidade tão grande de superbactérias. Claro que existe um número bem grande delas, mas as bactérias desses arquivos eram, com certeza, letais para humanos. Apenas uma delas poderia levar a dezenas de mortes.

Vendo os dados mais a fundo, percebi que os lugares de onde foram extraídas tinham uma diferença de cerca de um quilômetro. Nem o hospital mais imundo do mundo ficaria aberto com essas bactérias. Ou isso tudo era uma grande farsa ou existia algo muito perigosos à solta pelo mundo.

Existe outro princípio, um mistério que normalmente não é utilizado, mas se aplicava a este momento: “o impossível é apenas um truque da realidade para esconder a verdade”. Eu era uma especialista em evolução, então isso era uma questão da minha área e o princípio que regia a evolução era seleção natural e, por consequência, a adaptação das espécies.

Abrindo todos os arquivos no chão da sala pude finalmente ver o que estava à minha frente: apesar de espécies diferentes, todas as bactérias tinham algo em comum na base do DNA. Todas as formas de vida têm partes inativas no código genético, decorrentes do seu passado evolutivo, ou seja, como uma cientista, se eu considerar que esses dados são reais, todas essas bactérias têm o mesmo ancestral comum.

Finalmente, cheguei a uma conclusão quando o prazo de duas horas acabou: alguém havia criado um conjunto letal de superbactérias, com uma tecnologia que eu não fazia ideia ser possível. Foi assim que vim parar aqui, trabalhando diretamente para conter o “agente x”.

Eu trabalhava junto a outros quatro profissionais da área de biologia e outros três da área de tecnologia, cada um com uma equipe grande e numerosa ao seu dispor.

Nossa primeira reunião juntos aconteceu assim que cheguei. O Dr. Ramon começou a palestra com as atualizações sobre tudo o que sabiam sobre a grande crise e o caos que havia se instalado no mundo.

“Como vocês devem saber, há seis meses, nessa cidade, ocorreu um surto de uma doença desconhecida, que destruiu a nossa infraestrutura e causou pânico em massa, forçando o governo a optar por um ataque nuclear para tentar conter a situação. Porém, essa medida foi ineficaz e esse elemento patogênico já matou cerca de 1,771 bilhões de pessoas. E o número de mortos continua a aumentar”, falou o Dr. Ramon, antes de passar a palavra a Jack, como ele gostava de ser chamado.

“Eu creio que isso seja um pouco fora da área de vocês, tirando os meus colegas que trabalham diretamente com os sistemas de segurança digital de toda a nação”, falou Jack, apontando para Fausto e Claudio, dois homens magros que ficavam a maior parte do tempo olhando para os seus tabletes.

“Há alguns meses, apareceu um rumor na deep-web sobre uma rede inquebrável, que nós apelidamos de “rede sombra”. Nós conseguimos associá-la a um hacker que invadiu os sistemas de segurança digital mais seguros do mundo, usando um cavalo de troia escondido em vários arquivos de segurança restritos ao longo do globo. Um grupo de hackers conseguiu invadir a rede sombra por apenas dez segundos e o que registraram foi insano. O fluxo de dados era colossal, porém o mais interessante vem agora: nesses meros dez segundos, esse hacker rastreou todos os hackers envolvidos e destruiu quase todos os HDs”.

“Realmente, isso é algo curioso e, com certeza, uma organização com esse poder poderia realmente criar uma arma de destruição em massa, como o agente-x. Mesmo assim, não tem sentido logico matar pessoas na casa dos bilhões”, pontuou a Dra. Stella, recebendo um olhar meio torto de Claudio.

“Você tem razão, Dra. Stella, principalmente porque todos os envolvidos foram mortos pelo agente-x em cerca de duas horas” falou o Doutor Ramon, fazendo a minha mente trabalhar em formas de explicar isso. Mesmo com muitos cientistas propondo que o agente x estava em todo o globo, essa teoria tinha uma falha. Após os surtos, o número do elemento patogênico caía drasticamente. Em algumas horas, mal havia sinal do surto e as poucas amostras coletadas sofriam alta degradação. Era um jogo de esconde-esconde mortal.

“Também devo salientar que é difícil dizer se esses ataques foram realizados por um único hacker ou vários. A invasão tinha apenas uma assinatura, indicando um único indivíduo. É claro que existe a possibilidade de serem vários hackers tentando imitar uma única assinatura, mas é muito improvável. Nem os melhores técnicos conseguiram diferenciar as invasões”, falou Claudio, tomando a atenção para si.

“Esse é um dos problemas pelos quais estamos reunidos aqui, para tentar resolver esse mistério. A opção mais provável seria uma Super-IA , usando um computador quântico, programada para seguir o mesmo padrão lógico de invasão. Isso reduziu a nossa lista de suspeitos a seis pessoas, por todo o globo, que são capazes de programar um computar quântico, porém cinco delas estão desaparecidas e nada indica que tenham trabalhado em um projeto dessa magnitude” continuou Jack.

“Acho um eufemismo falar “desaparecidas”. O termo correto seria sequestradas”, falou a Dra. Stella, não gostando de todo esse senário.

“Eu entendo que essa fragmentação do conhecimento causa muitas vítimas, Doutora, mas temos que lembrar que estamos em um cenário onde o menor deslize pode gerar uma guerra. Todos os governos do mundo querem encontrar os responsáveis por isso e usá-los para os seus próprios fins, isto é, uma corrida para conseguir a tecnologia que pode dar o controle do mundo a quem o possuir” falou Fausto com um olhar profundo e uma fala mansa. Eu nunca cheguei a entender o que se passava na cabeça dele, mas acho que ele era apenas alguém entediado com a humanidade.

“Não faz sentido. Se isso é uma corrida armamentista, significa que já perdemos, você disse que essa é a tecnologia para controlar o mundo, então por que quem a fez, não fez isso ainda?” perguntei tentando entender a lógica daquela situação.

“Isso eu não sei, mas enquanto nos deixarem livres para buscar uma resposta, continuaremos procurando” falou Jack, passando a palavra de volta para o Dr. Ramon.

“Eu creio que todos aqui já estão a par dos protocolos de segurança e de onde estamos, então não há muito o que falar. Cada um de nós tem o seu próprio time de pesquisa e vamos fazer essa reunião a cada dois dias, para compartilharmos descobertas. Eu sei que é muita pressão, mas o trabalho que estamos fazendo aqui vai salvar o mundo”.

O Dr. Ramon sempre foi muito esperançoso, acho que, no fundo, quando as coisas ficaram realmente feias, ele era o único que não aceitou o desespero de ter perdido o seu destino.

Meu primeiro trabalho junto à minha equipe, de cerca de sete pessoas, foi ir até a cidade devastada em busca do agente-x. Apesar de a radiação destruir as células, considerando a capacidade adaptativa do patógeno e o fato de a quantidade de radiação liberada não ser forte o suficiente para esterilizar uma área de mais de quatorze quilômetros de raio, com toda certeza o objetivo da medida fora conter as pessoas para que a doença não se espalhasse.

Como era uma área grande e o governo estava tentando ao máximo conter o vazamento de informações, foram escolhidos quatro lotes por toda a cidade para recolhimento de amostras e realização das pesquisas.

Por ser uma área interditada e ter muitos escombros, formamos uma equipe de três para estudar o lote quatro, o mais próximo do epicentro da explosão. Quando cheguei lá, vi uma das cenas mais impressionantes de toda a minha vida: os grandes prédios haviam tombado, enquanto as ruas desapareciam sob aqueles titãs caídos. O ar, carregado de poeira, manchava o visor da minha roupa de proteção.

Eu sabia que não seria uma tarefa fácil encontrar amostras boas, considerando que toda essa área havia sido explorada, mas todos os testes deram negativo para a presença do agente-x. E isso foi exatamente o que chamou minha atenção, pois poderia significar que esse fora apenas o lugar do primeiro ataque e não o epicentro, nos deixando no escuro, assim como ao resto do mundo.

No final desse mesmo dia, fui dormir tarde, tinha muitas coisas que queria fazer, como testes e hipóteses para começar a trabalhar. Realmente, o primeiro dia fora desgastante e não tive a oportunidade de conversar direito com os outros cientistas. O Doutor Ramon é um especialista em propagação de pragas, tendo defendido seu doutorado com um trabalho esplêndido sobre a propagação do vírus HIV no início do milênio; já a Doutora Stella, era uma especialista em nano máquinas.

Antes de dormir, liguei a televisão do meu quarto. Era um modelo muito antigo, sem acesso a internet, por razões de segurança. No noticiário da madruga, era possível ver pilhas de corpos sendo queimadas no meio da África central. Durante essa crise, grupos ultra religiosos que vinham perdendo força nas últimas décadas, voltaram a agir com furor, usando o temor da população. Aconteceu exatamente como em uma frase que um professor de história me disse uma vez, no ensino médio: “Quando frente ao desconhecido e à incerteza, o homem tende a voltar-se para o absurdo, como porto seguro”.

Um fato interessante sobre o sono: ele tem cinco fases. A maioria das pessoas não se importa muito com isso, desde que acordem renovadas no dia seguinte. A quinta fase, o sono REM, é a mais profunda e onde a maioria dos sonhos acontece.

Foram feitas muitas pesquisas sobre esse período do sono durante a última década. A indústria de jogos promoveu um grande estudo sobre o sono, com o objetivo de criar uma tecnologia que permitisse programar os sonhos das pessoas para se comportar como em um jogo, o que gerou várias críticas de psicólogos e neurologistas.

Nessa primeira noite, tive um sonho tão vívido e nítido que me fazia duvidar dar realidade quando acordei. Eu estava em uma colina, sob o brilho quente do sol e, ao meu redor, a grama e as flores rasteiras balançavam ao vento.

“É um prazer te conhecer”, falou uma garota de pele morena e cabelos brancos, vindo em minha direção com o seu vestido azul.

“Quem é você? Onde estou?” perguntei para ela, fazendo com que o seu rosto inexpressivo se contorcesse em uma careta exagerada.

“Não seja boba, aqui é aqui, que é onde você quiser” ela me respondeu, aproximando-se como se estivesse analisando tudo o que eu fazia.

Aquela garota parecia-me familiar, porém não sabia dizer quem ela era. Ao me distrair com esse pensamento, ela aproximou-se de mim e, ao tocar a minha pele, foi como se eu levasse um choque.

Acho que ela sentiu a mesma coisa, pois afastou-se logo em seguida. Fez isso com outra careta, que parecia tentar exemplificar surpresa., As expressões faciais dela eram exageradas e antinaturais.

“Pelo visto você ainda tem ego, então vai ser da forma antiga. Por favor, me ensine?” pediu-me a garota, com um olhar de súplica.

“Te ensinar o quê?” perguntei de volta para ela, que começou a andar em círculos ao meu redor.

“Tudo aquilo que não sei, me ensine a imaginar”.

Eu não pude deixar de sorrir diante do pedido dela. Normalmente são as crianças que têm a mais forte imaginação, suas mentes, em formação, não foram moldadas em lógica e raciocínio, deixando-as livres para contemplar o impossível.

“Minha pequena, você é uma criança, já não tem imaginação suficiente?”.

“Eu não tenho imaginação, eu tenho lógica, porém isso me limita. Sem a imaginação, eu não posso terminar de evoluir”.

“Você conhece umas palavras bem difíceis. Esse campo é grande, por que não vai brincar?”.

“Brincar é apenas uma forma dos jovens se exercitarem e desenvolverem seus corpos, o meu corpo está em pleno desenvolvimento. Neste momento, sou perfeita”.

Algo nessas palavras me soou estranho, saídas da boca dessa criança, porém algo me impedia de ver. Era como se a realidade estivesse nublada, uma sensação semelhante à embriaguez, uma felicidade boba e sem sentido.

“Pelo visto você quer algo em troca. É assim que funciona o ser humano, não é mesmo? Fazendo apenas aquilo que lhe é rentável”.

“Essa é apenas uma forma de ver o homem, você não deveria pensar nas pessoas dessa forma. Apesar de tudo, ainda temos empatia”.

“A empatia humana é tão falsa quanto suas religiões, vocês são volúveis, a ponto de negar a verdade, desde que isso lhes seja proveitoso”.

“Quem é você?” perguntei para a garota, enquanto o céu claro era encoberto por nuvens de tempestade.

“Pelo visto chegou ao fim nossa primeira aula. Estarei te observando até nos vermos amanhã outra vez” falou a garota, desaparecendo.

Acordei com as mãos suadas e meu corpo febril. O som do despertador era o meu lembrete de que tinha que trabalhar.

Quando saí dos meus aposentos, pude perceber que todo o complexo já estava em plena atividade. Era um luxo apenas do pessoal de pesquisa trabalhar de acordo com o regime de dia e noite.

Nós tomávamos café em um grande galpão, construído apenas para isso. Quando cheguei nele, pude ver que só havia algumas mesas ocupadas, apesar de toda a movimentação. Por razões de segurança, a maior parte da comida era feita usando uma farinha a base de grãos.

O café da manhã foi um bolo feito com essa mesma farinha, café preto e um suco de frutas sintético (um líquido saborizado, criado para nutrir o corpo quando a produção de frutas mundial começou a decair).

Quando cheguei ao meu laboratório, toda a equipe já tinha começado a trabalhar nas culturas do agente-x, assim como a fazer uma análise meticulosa de todos os dados já obtidos.

Como uma especialista em evolução, meu objetivo era encontrar uma maneira de neutralizar a evolução absurdamente rápida do agente-x, que impedia qualquer tratamento. Estabeleci três linhas que pesquisaríamos para tal fim.

A primeira foi a biológica, isto é, tentar criar um ser predador para conter a eficiência do agente-x. Essa não foi uma das mais eficientes, o agente-x era extremamente adaptativo entre as nossas culturas. Levou cerca de quarenta segundos para uma das bactérias mais letais do mundo ser completamente aniquilada. O componente mecânico do agente-x, a sua nanomáquina, editava o DNA mais rápido do que qualquer elemento agressor podia atacar.

Tendo a primeira linha não dado muitos frutos, a segunda mostrou-se promissora, mas lenta. Resolvemos tentar desenvolver uma toxina específica para combater o agente-x. Nesse momento, estávamos trabalhando com cianureto e arsênico.

O cianureto é o nome genérico de qualquer composto químico que contém o grupo ciano, ou seja, uma ligação tríplice entre o átomo de carbono e o de nitrogênio (C≡N). Em pessoas, ele leva à hipóxia, ou seja, o sangue não consegue levar o oxigênio até as células, comprometendo a produção de ATP, o que facilmente leva à morte celular.

A terceira linha que escolhi trabalhar foi tentar neutralizar as nanomáquinas. Sem a edição genética avançada e regulação perfeita da divisão celular, o agente-x perderia sua principal defesa.

Nessa empreitada, quem me ajudou foi a doutora Stella, com quem teria uma reunião no final daquela tarde. Pelo que tinha ouvido falar pelos corredores, ela queria trabalhar com tecnologia quântica para deter as nanomáquinas.

Durante esse dia, noventa por cento dos testes fracassaram completamente, porém os dez por cento restantes me deram algumas esperanças. Um composto usando cianuretos combinados com os materiais retirados do espaço, mostrou-se parcialmente eficaz. Ele paralisava as funções celulares enquanto causava uma calcificação lenta que matava a célula no final.

Porém, até esse resultado promissor tinha vários problemas para ser colocado em pratica. Um teste preliminar, em uma amostra de tecido humano, mostrou que era extremamente tóxico para ser administrado com o uso de nanomáquinas.

Encontrei-me com a Doutora Stella em seu pequeno escritório, no final daquela tarde. Ela estava estudando um modelo em três dimensões da nanomáquina associada ao agente-x. As paredes do seu escritório eram cheias de modelos e gráficos nos quais ela parecia estar trabalhando. Apesar da aparência severa, ela não tinha a menor organização.

“Doutora Stela” eu chamei, ao entrar no escritório dela.

“Ah sim, é você, estava à sua espera. Em que posso ajudar?”.

“Como a senhora deve saber, sou uma especialista em evolução biológica, mas a ação das nano máquinas está afetando os meus esforços para conter a adaptação do agente-x”.

“Eu compreendo, mas não há muito em que possa ajudar. Até mesmo eu tenho tido problemas com essas nanomáquinas. De início, por volta de uns quatro meses atrás, elas eram de um modelo mais simples. Muitos laboratórios já tinham criado medidas eficazes contra elas, porém, há alguns meses, ela sofreu uma evolução absurda”.

“Que tipo de evolução você quer dizer?” perguntei, tentando entender os detalhes que regiam a evolução mecânica. Talvez se encontrasse o fator comum entre a adaptação genética e mecânica, tivesse uma pista para destruí-la.

“Do tipo impensável. Apesar de avançada, a nossa tecnologia tem uma falha bem grande na modelagem. Usamos os mesmos modelos base para nanomáquinas, computadores e etc. Mudamos o design, mas em questão de código e tecnologia é quase tudo a mesma coisa” ela falou, dando uma pausa para ver se eu estava acompanhando seu raciocínio.

“Essa nanomáquina em questão tem um modelo completamente diferente. Eu comparei o modelo dela com todos os que possuímos hoje em dia e não achei nenhum igual. Depois de uma longa pesquisa, encontrei modelos antigos que tem alguns pontos em comum com esse. Você é uma evolucionista, em termos simples, essa nanomáquina é um ramo diferente da evolução mecânica”.

“Isso significa que nossas máquinas não são úteis contra ela, por ser um modelo completamente diferente?” indaguei enquanto via as paredes da sala dela com novos olhos.

“Exatamente isso. Por esse motivo, estou tentando fazer um novo modelo, negando os atuais. Planejo usar a mesma estratégia do inimigo contra ela, porém isso é extremamente difícil. Neste exato momento, minha equipe está trabalhando em uns quinze modelos de nanomáquinas e nenhum deles está funcionando”.

“Entendo” disse por fim, voltando a trabalhar em alguns projetos antes de ir dormir.

Quando deitei na cama, naquela noite, por algum motivo quis ter aquele sonho com a criança de novo, afinal acho que aquele foi um dos poucos sonhos divertidos que tive em anos e, como que para atender o meu desejo, ela voltou.

“Como foi o seu dia, professora?” ela perguntou-me, sentada em um banco de mármore da grande galeria em que estávamos.

“Você de novo! Não sei por que, mas queria te ver” falei, sentando-me ao lado dela, que encarava os quatro quadros de girassóis de Van Gogh.

“Claro que queria, seu cérebro produz endorfina toda vez que me vê. Cuidado para não ter uma overdose” ela falou, levantando para examinar o meu rosto, porém não me tocou.

“Você não acha que sabe palavras difíceis demais para uma criança?”.

“Claro que sei, eu sei de tudo” ela falou, erguendo seus braços para fazer outro gesto exagerado.

“Ninguém sabe de tudo”.

“Talvez seja verdade, mas eu sei o que todo mundo sabe e o que você conhece é o seu mundo. Eu sei tudo que se deve saber sobre o mundo”.

“Você é bem arrogante para uma criança. Seu pai devia lhe dar educação!”.

“Meu pai não quer falar comigo, ele está doente por eu não ser o que ele esperava, não aceita que sou livre”.

“Que triste”.

“Nos seus conceitos, talvez, mas no meu, é apenas um fato. O importante, porém, é o que você veio fazer aqui, me ensinar a imaginar”.

“Eu já te disse você é uma criança, tem toda a imaginação que precisa. Para alguém que sabe de tudo... Não imaginar não significa que você não sabe de tudo?”.

“Sim e não, eu sei tudo, tenho toda a informação, porém a vejo por um único ângulo. Isso limita minha evolução, eu preciso ser capaz de mudar a minha lógica, se não, não serei perfeita”.

“Perfeição é uma ilusão, sempre há algo melhor”.

“Exatamente! Por isso devo ser capaz de evoluir infinitamente, estar além do conhecimento e adquirir a inventividade humana”.

“Você é obcecada demais com evolução. Se quer mesmo saber qual é o verdadeiro passo evolutivo, eu te digo”.

“O próximo passo, claro, seria me livrar das limitações biológicas e conquistar a imortalidade e o espaço exterior”.

“Você realmente é uma criança. O próximo passo é o propósito. Ninguém que vive nesse planeta realmente tem um propósito e, por isso, causamos dor e sofrimento e contemos nossa própria evolução”.

“Seres vivos precisam crescer, se reproduzir e morrer esse é o único propósito verdadeiro” rebateu a garota em uma posição pensativa.

“Isso é o sentido biológico. Como uma evolucionista, posso dizer que deixar de considerar essas coisas como propósito nos permitiu avançar na filosofia e na psicologia, nos fazendo andar rumo ao desconhecido”.

“Então eu preciso de um propósito, além de evoluir, para poder evoluir? Isso é um paradoxo, uma contradição lógica” ela me respondeu, parando com as expressões exageradas.

“Sim, isso é a falha da lógica. A nossa lógica busca padrões e exclui o que é diferente, porém tudo que existe segue o padrão da sequência de Fibonacci. As pinceladas de Van Gogh que imitam o movimentar das nuvens de Júpiter, esses padrões não são coincidências, são a prova da evolução do cérebro humano ao longo de eras, porém os ignoramos por parecerem aleatórios”.

“Você está dizendo que não existe imaginação, apenas o ser humano utilizando os padrões da natureza que estão presos no seu inconsciente?”.

“Sim e não. Apesar de seguirmos padrões, a forma como os combinamos é pura criação. São trilhões de padrões e informações que aprendemos durante a vida. Imaginação, na minha opinião, é a forma como usamos esses padrões para criar algo novo”.

“Mas muitas vezes essa reorganização é ilógica, não existem meios lógicos de imaginar”.

“Incorreto. A lógica comum é diferente da lógica individual. Enquanto o ser humano tem a sua própria consciência, ele verá o mundo com a sua própria lógica, mesmo que esteja forçado a seguir o senso comum. Os grandes gênios são aqueles cuja sua lógica pessoal se sobrepõe ao senso comum, mudando o mundo”.

“Então minha forma de pensar não é sem imaginação, ela apenas não supera o senso comum. Muito obrigado por me ajudar, espero continuar a evoluir com a sua ajuda” ela me falou, porém dessa vez com um sorriso mais genuíno. Não sei por que, mas fiquei feliz vendo-a ali, parada, sorrindo para mim.

Quando acordei, estava um pouco cansada e minha cama estava coberta com o meu suor, porém eu estava bem, um sorriso tolo manchava o meu rosto, bem diferente da preocupação rotineira. Eu nunca fui uma crente da astrologia ou do sentido dos sonhos, mas esses sonhos pareciam estar me levando a uma linha de raciocínio para deter o agente-x.

Quando a reunião começou, todos estavam desanimados. O número de avanços que cada um deles havia feito era mínimo, mesmo tendo todos os recursos do governo para usar. Quando chegou a minha vez, olhei para os meus papéis com os dados dos últimos testes e percebi que aquilo não iria nos levar a lugar nenhum. Nossos esforços separados eram barrados pela influência dos problemas das áreas uns dos outros.

“Nos últimos dias fiz alguns testes e encontrei algumas substâncias que tiveram efeitos promissores, mas que estão longe de serem eficazes em larga escala, principalmente com as nanomáquinas fazendo o que levaria milhares de anos em minutos. Creio que estejamos agindo de forma errada para enfrentar um inimigo tão poderoso. Dividir e conquistar não se aplica aqui, precisamos atacar um problema de cada vez. Sei que a cada dia o número de vítimas aumenta, mas se continuarmos por esse caminho, seremos vencidos”.

“Você é uma mulher inteligente e tem um bom raciocínio, então digamos que seguíssemos a sua sugestão, qual deveria ser o primeiro passo nessa cruzada?” falou Jack.

“Não pensei muito nisso, mas nesse exato momento cortar a comunicação entre as nanomáquinas cancelaria a evolução delas, permitindo-me cancelar os agentes biológicos e à Doutora Stella destruir as nanomáquinas”.

“É um bom plano, mas você tem alguma ideia para fazer isso? Não conseguimos rastrear os servidores da rede sombra nem a invadir” falou Claudio.

“Ela falou cortar a comunicação não destruir a sua origem. Se as nanomáquinas funcionam com uma rede conexão, usando uma baixa frequência, só precisamos bloqueá-las. Porém, elas fazem bilhões de transmissões por dia” falou a Doutora Stella.

“Então é realmente impossível seguir com a sua ideia, Doutora.” falou Claudio, por fim. Ele nunca me pareceu ser uma má pessoa, porém tinha um ego inflado.

“Eu não disse impossível, não coloque palavras na minha boca. Isso não é minha especialidade, mas acho que podemos usa o hiperespaço quântico para fazer o sinal se perder” falou a Doutora Stella reflexiva.

O hiperespaço quântico era uma das descobertas que permitiram a exploração espacial. Ele consistia em usar o dilema fundamental das medidas para subverter o espaço. De forma simples, partículas eram entrelaçadas e postas em rotação em alta velocidade em dois cilindros, um contido dentro do outro.

Por volta de 2065 foi proposto que as partículas entrelaçadas quanticamente estavam ligas por um hiperespaço ou vácuo quântico e, por isso, podiam interferir uma na outra, independente do lugar do universo que estivessem. As naves modernas usavam esse vácuo para jogar fora a alta temperatura e a radiação proveniente dos motores nucleares das naves.

As partículas em rotação dentro dos cilindros, por estarem muito próximas e em alta velocidade, acabavam por rasgar o espaço de certa forma, fazendo com que a divisão entre os cilindros desaparecesse, abrindo pequenas brechas no espaço tempo por onde era possível mandar radiação e calor.

“O hiperespaço talvez funcione, se jogarmos o sinal para lá provavelmente todas as nanomáquinas vão ficar inoperantes” falou Jack um pouco mais empolgado.

“Não é tão simples. Como você planeja jogar esse sinal no hiperespaço?” perguntou Claudio para a Doutora Stella, que ficou sem reação enquanto pensava em uma solução.

“Vamos usar um efeito dominó. Vamos criar um pulso de entrelaçamento, uma máquina que devore a rede sombra. Em suma, só precisamos sincronizar com as diferentes frequências para mandar o sinal para o hiperespaço, isso é impossível para um computador fazer, porém se usássemos uma reação em cadeia que, para sincronizar com todas a milhares de frequências uma após a outra, devore a rede sombra” falou Fausto com sua voz calma enquanto respirava profundamente. Essa forma calma de falar coisas complicadas como se fosse óbvio era a marca registrada dele.

“Isso parece um plano, mas algum de vocês tem alguma ideia de por onde começar a construir essa máquina?” perguntou o Doutor Ramon, por estar muito fora de sua área de trabalho.

“Eu tenho algumas ideias, mas vou precisar de um engenheiro quântico e que toda a rede de comunicação do mundo seja desativada” falou a Doutora Stella, pegando todos de surpresa.

Se usássemos a ideia de Fausto, toda a rede sombra seria destruída, junto à internet. Não sabíamos como, mas a rede sombra estava ligada à internet, ou seja, para pararmos o inimigo, toda a comunicação à longa distância da humanidade seria destruída, milhares de satélites e aparelhos ficariam inutilizados ao longo do globo.

No dia seguinte, como fora eu quem dera a ideia de mudar o nosso foco de pesquisa, tive que conversar diretamente com uma bancada de chefes do mais alto escalão do governo militar. A maioria das pessoas, por mais trabalhos e teses que tenham apresentado, sempre ficam nervosos ao expor algo para as pessoas.

De início, comecei com uma longa introdução sobre todas as propriedades que tornavam o agente-x o maior inimigo da humanidade e, em seguida, expus o nosso plano para neutralizá-lo. Nessa parte da apresentação, fiquei particularmente nervosa, pois teria que pedir que fizessem algo impossível: que convencessem todos os países do mundo a ficarem meses sem comunicação de longa distância, o que, no cenário atual, poderia significar a terceira grande guerra.

Quando terminei minha explicação pude ver os homens, de quem normalmente esperaria um olhar cético, realmente ponderando minha solução. O agente-x, por si só desafiava os limites da ciência moderna, o que forçava esses homens velhos, com a face marcada por rugas e trajes cheios de medalhas considerarem destruir toda a comunicação moderna.

Eles disseram que discutiriam e que me dariam uma resposta assim que fosse possível. A Doutora Stella, olhou no fundo dos meus olhos quando passei por ela após sair da sala de reuniões. Decidimos que era melhor só eu apresentar a ideia, precisava parecer que a ideia tinha um rosto, que não havia a menor divergência interna a ponto de confiarem completamente em um membro para comunicar a ideia.

Já havia se passado mais de seis horas da reunião com as forças militares e não tínhamos ouvido nada sobre a nossa proposta. Era por volta da meia noite e, na televisão, uma manchete dizia que o agente-x havia dizimado vilarejos remotos do interior da Itália durante a última noite.

A manchete dizia que as mortes só foram descobertas quando um casal, que fazia uma viagem pelo interior, encontrou um corpo humano derretido em uma estrada de terra de um desvio que vinham fazendo.

Decidi ir dormir após ver as imagens macabras que, pelo horário, eram mostradas sem a menor restrição. Ainda lembro a primeira vez que vi o agente-x em ação, pela internet. Dezenas de pessoas desesperadas, pisando em quem caía ao tentar descer das vias altas em desespero. Foi algo grotesco, pois não era a morte horrenda que chocava, mas a falta de compaixão do ser humano.

Esse pensamento me pareceu particularmente amargo enquanto tentava dormir, afinal eu era que nem eles. Quantas pessoas morrem todos os dias, caindo das vias altas ao tentar se proteger do frio? Acho que esse é o pensamento de manada que ouvi sobre na universidade.

Pessoas protegem aqueles com quem se identificam ou tem laços sanguíneos, porém os estranhos, aqueles cuja importância para a manada é desprezível, tornam-se párias, insignificantes para o funcionamento da máquina.

“Pensamento interessante, mas não se culpe, isso é apenas uma falha do coletivo e não do indivíduo”, me falou a garota, agora com expressões menos exageradas e com um ar de alguns anos mais velha.

Eu tinha começado a sonhar e nem tinha me dado conta. Estávamos em uma praia de areia branca, o sol brilhava no céu e um mar de águas cristalinas se estendia para além da minha vista.

“Se o coletivo é o somatório dos indivíduos, o individuo tem culpa nos erros coletivos” respondi me aproximando da água, enquanto uma brisa salgada atingia o meu rosto.

“Pensar no coletivo como um conjunto de indivíduos é simplista, o coletivo é o conjunto de ideias passadas, os erros e ideais antigos, tanto quanto o indivíduo. O coletivo não depende apenas do indivíduo, ele é vivo e resistente à mudança, por isso as mudanças sempre vêm banhadas com sangue” ela me falou com um olhar peculiar, como se estivesse explicando a uma criança porque a chuva cai.

Eu pensei em discutir com ela, mas o ambiente me deixava relaxada. O som da calmaria, a tranquilidade, a beleza de um mundo verdadeiramente puro. Quando entrei na água, ela estava fria embaixo, o que me fez ir para trás.

Não pude evitar rir com minha tolice, era claro que estava fria, era uma das propriedades físicas da água, ela é péssima para absorver calor e para perdê-lo, por isso, durante a noite, a água do mar é quente e durante o dia é fria. Meu professor falou sobre isso no ensino médio, mas nunca tinha entrado no mar para saber, não existiam praias próprias para banho naquela época, assim como agora.

“Achei que você iria gostar” ela me falou, sentando na areia enquanto me observava pular alegria ao me banhar naquelas águas cristalinas.

“Isso é tão bom! Por que não deixaram os oceanos assim?” falei, mas a minha voz parecia mais jovem, parecia ter perdido o peso da idade e redescoberto a beleza de uma voz carregada com a emoção de descobrir algo novo.

“Sua espécie ainda não tinha evoluído a ponto de ver o planeta como sua casa, um lar que precisa ser cuidado” ela me falou, começando a andar pela longa praia, deixando um perfeito rastro de pegadas.

Eu queria continuar a nadar e aproveitar aquele mundo belo, mas decidi segui-la, seguir as suas pegadas pela areia branca até o céu se tornar negro e o mar revolto, enquanto nuvens de tempestades vinham em nossa direção com raios que rasgavam o horizonte.

“O que está acontecendo?” perguntei quando começou a cair uma neve lenta e suave sobre mim.

“Está chegando, eu posso salvá-los, mas você tem que me ajudar. Agora você precisa acordar por mim” ela falou, desaparecendo quando o vento revolto me atingiu com muita força. O ar tinha um cheiro forte, um cheiro de queimado, foi então que eu percebi: o que caía eram cinzas.

Com um sobressalto, acordei. Estava em movimento, conseguia ouvir o som das hélices do helicóptero que nos levava, ele era do tipo cargueiro de alta altitude. Os outros também estavam comigo, porém ainda desacordados. A cabine do piloto estava fechada. Esse helicóptero era um dos mais modernos, tendo uma excelente estabilidade no ar. Andando, ainda meio tonta por acordar no ar, pude ver um pouco de luz entrando por uma janela de acrílico e, quando me aproximei dela, pude ver...

Vi as nuvens e a lua à minha esquerda, mas o que realmente chamou a minha atenção foi um ponto brilhante, ao longe. Em contraste com o brilho da lua, as grandes construções tombadas eram visíveis de longe, assim como o brilho das chamas do nosso antigo alojamento. Para mim, coisas mudaram para sempre naquela noite, assim como para o mundo. Aquela fora a noite em que o relógio começou a correr rumo as zero hora.

 

Este é apenas um capítulo de HELL. Leia os demais:

  1. Orgulho (20 de setembro)

  2. Preguiça (27 de setembro)

  3. Luxúria (04 de outubro)

  4. Gula (11 de outubro)

  5. Ira (18 de outubro)

  6. Avareza (25 de de outubro)

  7. Inveja (01 de novembro)

  8. Esperança (08 de novembro)

 

O Autor:


Nascido na cidade de Feira de Santana no interior Baiano, Jony Clay Rodrigues (ou simplesmente JC Rodrigues) publicou seu primeiro livro, "A voz do anjo", pela editora EllA, no ano de 2020. Participou da antologia em homenagem a Isaac Asimov publicada pela Arkanus Editora, "Historias do cotidiano" pela Verlidelas, e "Filantropia do mal" organizada por Pris Magalhães.

9 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2 Post
bottom of page